No dia 07 de março de 2013, portanto há menos de um mês, a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados do Parlamento brasileiro elegia o pastor evangélico Marco Feliciano para presidi-la, em sessão fechada para evitar o protesto de centenas de manifestantes que não se conformavam com a eleição de um deputado acusado de homofobia e racismo. Está sendo difícil acusá-lo formalmente de racismo, mas poucos duvidam que não existam preconceito e falta de equilíbrio na sua declaração postada no twitter: "Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss". Quase ninguém acredita que não haja homofobia na frase dita pelo pastor deputado: "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição".
A distância entre a postura de um pastor e outro nos faz acreditar que o Universo é realmente infinito. Caso contrário, ficaríamos enlouquecidos tentando realizar esse cálculo. Enquanto um lutou por toda a sua vida contra o preconceito, as discriminações, a favor de uma sociedade igualitária, o outro investe na exclusão, no distanciamento entre povos e no afastamento de pessoas com orientação sexual diversa daquela que acredita ser a única aceitável. Enquanto um enxergava igualdade entre desiguais, acreditando serem irmãos mesmo os adversários; o crente dos tempos atuais enxerga em tudo a presença do diabo. Não foi por acaso que o deputado Feliciano disse durante um culto evangélico: “Pela primeira vez na história deste Brasil um pastor cheio de Espírito Santo conquistou espaço que até ontem era dominado por Satanás”.
Nas redes sociais são muitos os comentaristas que enxergam preconceito contra os pastores evangélicos na campanha pelo afastamento de Feliciano da presidência da CDH. Não conseguem distinguir a diferença de interpretação e de transposição para ação da leitura feita do evangelho segundo Martin Luther King e por Marco Feliciano.
Quantas águas passaram por debaixo da ponte da salvação de 1968 a 2013. Quantos belos exemplos foram deixados por pastores, párocos, padres, bispos, apóstolos, freis e freiras até chegarmos à insensatez marcofeliciana dos dias de hoje. Martin Luther King tinha um sonho. Marco Feliciano é apenas um dos nossos inúmeros pesadelos.
A Comissão dos Direitos Humanos até se esqueceu de lembrar dos 45 anos do falecimento daquele que foi uma das maiores razões da existência da própria comissão nos dias de hoje. O presidente da CDH deve ter passado o dia inteiro tentando exorcizar os diabinhos que ainda insistem em habitar naquele reduto.
Viva, porque ainda vive, Martin Luther King!
Vade Retro, Satanás! Mangalô três vezes! Salve-nos São Jorge Mautner!
Que texto, vale cada palavra!
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