sábado, 12 de outubro de 2013

Ser ou não ser criança - eis o dilema da felicidade...

Matheus, Ana Laura, Raquel, Ramiro e Jordano - em Ouro Preto, Minas

Ser criança é esbaldar-se no Paraíso, ao contrário das mães que apenas padecem por lá. Ser criança é felicidade infinita, sob o manto da certeza de que aquelas coisas boas que nos cercam são eternas e estão neste mundo para nos servir. Temos uma criança dentro de nós e é ela que mantém acesa a chama da alegria pela vida afora, mesmo depois que experimentamos tantos dissabores.
Na verdade existem dois tipos de criança – a infantil e a adulta. Esta costuma ganhar contornos claros e bem definidos depois que temos filhos. Por meio deles, voltamos a vivenciar, a sentir e até de certa forma usufruir da alegria própria das crianças. Se bem que uma alegria diferente, cheia de responsabilidades, consciências e não me toques. Aquela alegria profunda e infinita, nunca mais.
Na verdade não são os sonhos de criança que morrem. As responsabilidades da vida adulta é que vão chegando, tomando espaço e, de repente, predominam e sufocam aquela criatura doce, suave e ingênua. Não conseguimos mais enxergar o mundo com os olhos da pureza.
Então, as crianças que vivem e convivem diariamente com a fome, a guerra civil e a violência no próprio lar não são felizes? Muito provavelmente não conseguem ser criança. Não lhes é dado o direito de viver essa fase da existência humana por este mundo, que por si só já é tão frágil e tão curta. A realidade se lhes apresenta de forma imperativa, estreitando a janela por onde poderiam sonhar. E não sonham justamente numa fase da vida em que eles, os sonhos, são naturais.
Como é triste ver a Infância cercada pela miséria, pelo abandono e pela violência. Mais triste ainda perceber que toda a “evolução” da humanidade, com seu desenvolvimento tecnológico e sua comunicação em tempo real, não extingue essa realidade; na verdade, não consegue sequer amenizá-la.
Estamos em pleno século 21, no terceiro milênio da Era Cristã. Como aceitar e conviver com a fome dos africanos? Pais e mães que fogem em busca de trabalho e comida, levando e sujeitando a todas as intempéries justamente seus filhos – crianças que deveriam estar distantes dessa triste realidade. Como absorver a violência da guerra civil na Síria, com uso de armas químicas, que, quando não matam, destroem os sonhos de milhares de crianças?
Este Dia da Criança deveria ser um marco para encontrarmos uma maneira de ver o mundo com outros olhos. Para buscarmos um estilo de vida diferente, um desenvolvimento mais social, um mundo melhor.
Não custa sonhar. Não é nenhum crime ver o mundo pelas janelas por onde as crianças espalham seus sonhos. Não falta quem queira fechá-las.
Eu prefiro abri-las para que entrem todos os insetos.


Ser criança
José Carlos Camapum Barroso

Há em mim uma criança
Que teima em existir,
Encher de esperança
Um coração tão frágil...

Quer abrir meus olhos
Quando estão fechados
Por anos e anos a servir.

Erguer minha cabeça
Abaixada pelo tempo
Virada pelo vento
Tempestade do existir.

Quer a mente cheia
De sonhos e ilusões
Distante das tensões
Em paz com o porvir.

Tem uma voz suave,
Sussurra no ouvido
E então me acalma.
Uma criança rebelde,
Assim, é a própria paz,
Resgata minha alma
Traz de volta sonhos...
Tudo o que perdi.



6 comentários:

  1. Zé. Amei. Que sejamos crianças eternamente. Abraços. Marina

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    1. Valeu, Marina. Precisamos ser crianças para sempre. Esse deveria ser nosso ideal de vida. Abraços também e o obrigado pela sua participação no blog.

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    1. Também amo essa foto. São as crianças, todas as cinco, olhando firmemente para a frente, como se buscassem algo no futuro. A foto é o presente e, ao fundo, um passado histórico e profundo que é Ouro Preto.

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  3. Muito bom, mesmo, o texto, em forma e em conteúdo. Essa foto é preciosa e retrata um momento de deslumbramento em nossa vida de pais, em circuito histórico por Minas, com os nossos filhos...Uma viagem inesquecível!

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    1. Mestre Itaney, como disse na resposta ao comentário acima: amo essa foto. Obrigado por mais essa participação, sempre elegante e carinhosa, aqui no blog.

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