O samba cresceu e se desenvolveu até
mesmo em São Paulo, onde poucos acreditavam que isso viria a acontecer.
Vinícius de Morais chegou a dizer que São Paulo era o túmulo do samba. O
poetinha dessa vez errou – e feio. Graças à população negra do Largo da Banana,
na Barra Funda, o samba começou a fincar suas raízes, que frutificariam na
Escola de Samba Camisa Verde e Branco. Das comunidades do Bixiga, os cordões
carnavalescos fariam nascer a escola Vai-Vai. Isso tudo entremeado pelo talento
de compositores como Paulo Vanzolini e Adoniran Barbosa (sobre os dois,
já escrevi aqui).
Belo Horizonte botou pra quebrar neste
fim de semana, durante as comemorações do Dia Nacional do Samba, antecipadas
para o domingo. É a segunda vez que a capital mineira entra no circuito das
comemorações dessa data. E quem comandou a festa foi a mineira Aline Calixto,
com seu bonito samba Flor Morena, apoiada pela participação da Escola de Samba
da Portela. A cantora disse que Belo Horizonte está provando que mineiro também
tem samba no pé e cultiva essa tradição.
Tradição, aliás, que já está semeada
pelo Brasil afora. Em Goiânia, capital de Goiás, Os Amigos do Samba, nas décadas de 1970 e 1980, constituíram um grupo respeitado em todo o Centro-Oeste. Em Brasília, graças à
iniciativa da cantora Cris Pereira (foto abaixo) e do cantor Sérgio Magalhães, está ganhando
corpo e tradição o evento chamado Plataforma
do Samba, na plataforma da rodoviária do Plano Piloto, sempre a partir das 15h00. Grupos de samba e de pagode, na verdade, revezam-se pelo Norte, Nordeste e até pelos estados do sul do Brasil.
Leia mais sobre o samba aqui.
Paródia do Samba
José Carlos Camapum
Barroso
Quem não
gosta de samba
Bom sujeito
não é
É ruim da
cabeça
Ou tem
bicho-de-pé
Tem um nó na
cintura
Ferradura no
pé
Vive de
armadura
Pra proteger
a mulher
Não nasceu
com o samba
Ou então não
nasceu
E na batida
do samba
Escorregou e
morreu
Dia 2 de
dezembro
Do samba é o
dia
E do Rio à
Bahia
Há um Belo Horizonte
Ainda tem um São Paulo
Com o samba-faceiro
E o samba-marcado
De um Brasil brasileiro
Quem nasceu
com o samba
Bom sujeito é
que é
Tem cabeça de
bamba
E feitiço no
pé
Tem cabeça de
bamba
E feitiço no
pé...
Faltou dizer que em Goiás também se cultiva o samba, e com muito amor, basta ouvir Grace Carvalho, Camilla Faustina, Heróis do botequim e tanta tana gente boa a mais. De qualquer forma, mais um texto interessante e de homenagem à música brasileira. Valeu, mestre José Carlos!
ResponderExcluirGoiás foi citado pelos Amigos do Samba, que abriram espaço para essa gente nova. Realmente, tem bons nome no samba goiano e os citados são alguns deles. Abraço e, mais uma vez, obrigado pela participação.
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