terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Stevie Wonder dá colher de chá em calçada de Brasília


Brasília também tem seu dia de Nova Orleans. Dia em que você sai na calçada de uma comercial e dá de cara com Stevie Wonder tocando gaita. O difícil é ter essa sorte. Eu não tive, mas fiquei feliz por isso ter acontecido e com uma inveja salutar de quem viveu esse momento. Foi na comercial da quadra 205 Sul, pertinho de onde nós moramos por vários anos. Inclusive, frequentávamos com assiduidade a confeitaria suíça Pralinê, de onde o fenômeno da música americana saía quando resolveu dar uma canja.
Estava na calçada, tocando seu saxofone, o músico brasiliense João Filho, da Meia Boca Band, quando Stevie Wonder ouviu o som do instrumento. Pediu para sua equipe que trouxesse sua gaita. Juntou-se ao músico brasileiro e interpretaram um pouco de Wave, de Tom Jobim, e Garota de Ipanema, de Tom e Vinícius de Moraes. Depois de tudo isso, Stevie Wonder ainda deu ao músico brasileiro 200 dólares. João disse que o abraço (foto acima) que recebeu do artista internacional valeu muito mais que o dinheiro.
Foi um fim de tarde de domingo muito especial para o saxofonista, mas também pra todos que passavam por ali naquele momento e tiveram essa chance de ouro. João Filho contou que um amigo havia ligado pra ele, pela manhã, pra ironizá-lo porque não tinha ido ao show, na noite anterior. Ele ligou de volta à tarde pra avisar que havia tocado com Stevie Wonder.
Aquela entrequadra – 205/206 – tem alguma coisa de mágico. No dia 15 de janeiro de 1985, aconteceu algo semelhante. Ainda morávamos na quadra 206 Sul, éramos vizinhos de bloco do então senador Tancredo Neves. Bem cedinho, antes da eleição indireta no colégio eleitoral, quando Tancredo se tornaria presidente da República, derrotando Paulo Maluf, ouvi o som de dobrados. Era a bandinha de música de São João Del Rey fazendo uma alvorada para o candidato do PMDB. Desci, com o Ramiro no braço – ele tinha dois anos de idade – e presenciei um dos mais belos espetáculos da minha vida. Emocionante, sob todos os aspectos.
Se tivesse assistido também esse episódio inusitado do músico Stevie Wonder, tocando na calçada da Pralinê, confesso que passaria a acreditar que um raio cai, sim, duas vezes sobre uma mesma cabeça. Seria um prêmio correspondente a uma Megassena acumulada.






2 comentários:

  1. que legal, zezão. eu também queria ter testemunhado a cena.

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  2. A prima e amiga Mirian Braga postou o seguinte comentário lá no Facebook. Achei interessante trazê-lo para cá:

    "Muito legal.. Fico feliz de estar aqui no meio da Amazônia e me manter atualizada e apreciando tudo, mesmo que virtualmente. Você nos enriquece culturalmente... Muito Obrigada..."

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