sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Teresa Cristina resgata a Jovem Guarda em belo CD de rock


Teresa Cristina é do samba de corpo e alma. Tem DNA de sambista. Já gravou vários discos de samba, inclusive um álbum duplo só com músicas de Paulinho da Viola, portelense como ela. É compositora, instrumentista e cantora, com origem associada ao renascer da Lapa, onde começou cantando e tocando no bar Semente. Seu nome está entre as melhores revelações da Música Popular Brasileira deste século.
Agora, ela nos surpreende com um disco de rock, bem ao estilo anos 1960 e 70, cantando músicas de Roberto Carlos e canções que foram sucesso na voz do Rei, mas marcadamente da época da Jovem Guarda. O desafio foi grande. Gravar músicas que fizeram tanto sucesso e ajudaram Roberto a vender tanto disco, não seria um projeto de fácil execução. Para isso, Teresa Cristina se juntou à banda de rock Os Outros e o casamento foi perfeito.
Ela é conhecida por sua voz suave e suas interpretações sempre transmitiram serenidade aos sambas que gravou. Como seria, então, cantando rock? A surpresa foi positiva e o disco é uma delícia do início ao fim. Teresa diz que foi um sonho gravar esse disco, porque sempre gostou de Roberto Carlos. Mas, se alguém falasse sobre isso há dois anos, garante que daria gargalhadas...
A voz de Teresa Cristina ganhou força e charme, sem perder a suavidade que lhe é própria, no apoio do backing vocal de Botika (em todas as músicas, exceto em Você não serve pra mim, que ele assume a voz principal), nas guitarras de Eduardo Sodré e Rafael Papel, e no Baixo de Vítor Paiva.
Na verdade, o projeto começou a brotar em 2011, quando Teresa Cristina foi convidada a participar de um show da banda. A única exigência que fez foi a de poder cantar Do outro lado da cidade, de Helena dos Santos, música pouco lembrada do repertório do Rei, gravada por ele em 1969. De lá pra cá, o projeto foi ganhando corpo e, felizmente, virou realidade.
Teresa Cristina e a banda Os Outros vão além do rock, flertando com valsa, ska, rockabilly e até a música nordestina, com a presença de triângulos e arranjos de sanfona. Tem harmonias lindas de sax e de guitarras. O CD é democrático e mostra que a sambista tem talento para esse e outros projetos até mais ousados.
Que venham novas experiências. Enquanto isso não se concretiza, Teresa Cristina está gravando um disco só com músicas de Candeia. Imaginem.
Sarava, irmão! Nem tudo está perdido na MPB.

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