quinta-feira, 7 de abril de 2016

E se as estrelas não se acenderem nas noites que virão...


Pesadelo
José Carlos Camapum Barroso


Medo da dor que arranca da garganta
Da criança gemidos oprimidos pela fome.
Tira das entranhas suspiros abafados
Pelos braços da mãe, por lágrimas contidas, em lábios ressecados...
Por um olhar distante, perdido no infinito de infinita bondade...

Medo de ser o ser que o nada consome
Antes mesmo de haver o tempo dos homens.
Medo de vagar pela escuridão dos dias que sucedem às noites.
Mergulhar no obscuro tempo do racionalismo que envolve a paixão.

Ah... o pesadelo dos tempos de repressão...
Dormir embalado pelo repicar dos tambores,
Acordar agasalhado pelos braços da opressão:
Aurora sufocada de um novo dia.
Medo de tudo que não acaba em poesia.



3 comentários:

  1. Olá Zé, você me embalou agora nos versos do mestre Drummond. Me conceda um pedido e publique "A Flor e a Náusea", uma das poesias mais apropriadas do nosso poeta para os momentos atuais. Grande abraço!

    ResponderExcluir
  2. Valeu, José, este é mesmo um tempo de reflexão, de receio, de medo da escuridão, que ameaça retornar, após um frágil período de peito aberto e de risos matinais...

    ResponderExcluir