domingo, 21 de agosto de 2016

Encerramento das Olimpíadas e o Dia do Favelado, tudo a ver



Cerimônia de encerramento das Olimpíadas, no Brasil, no Rio de Janeiro, no Dia do Favelado tem tudo a ver. Impossível visualizar o Rio sem suas favelas, o esporte e a cultura carioca, e brasileira, sem a presença e a participação significativa de homens e mulheres faveladas. O samba desceu o morro para ganhar consistência e tornar-se a nossa representação cultural de maior visibilidade e forte valor artístico.
A definição clássica de favela é aquela que destaca nesse espaço geográfico a ausência de serviços públicos, sejam eles de infraestrutura, assistenciais, culturais e esportivos. Em regiões onde o poder público não se faz presente, é comum o surgimento de poderes alternativos, associados ao crime, ao tráfico e outras mazelas. São eles que “oferecem” justiça, proteção e alternativas. O poder público, nos últimos anos, tem buscado caminhos para superar essa realidade e se fazer presente nas comunidades faveladas.


Uma das opções tem sido a de se fazer presente pelo esporte, criando, estimulando, jovens atletas a seguirem carreira por esse mundo fantástico da competição esportiva. No universo da cultura, também, o estado precisa estar presente, dando oportunidade a artistas e grupos artísticos a se apresentarem no disputado mundo da cultura.
Olimpíadas, esportes e atividades culturais são o lado bom, produtivo e criativo do ser humano. O Brasil merece medalha de ouro pela condução dos jogos olímpicos de 2016, superando e abafando todas as críticas iniciais.
É vida que segue.

Morro da babilônia
(Carlos Drummond de Andrade)

À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
geral).

Quando houve revolução, os soldados se
Espalharam no morro,
O quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.

Mas as vozes do morro
Não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.




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