sábado, 13 de agosto de 2016

Sabiá cantou mais cedo e traz esperança de chuva


Agosto está apenas chegando à metade dos seus dias considerados de azar, desgostos, clima muito seco, nenhuma chuva, muita poeira e o calor chegando, devagarinho, mas preocupante. Este ano, pelo menos, tem um alívio no ar. O Sabiá começou a cantar no nosso quintal, bem mais cedo do que nos últimos cinco anos. Os ipês amarelos já deram o ar da graça na imensidão do Planalto. De belo, mesmo, o alvorecer, o pôr do sol, os últimos raios de claridade a refletir na névoa seca... Enfim, agora, o canto divino do sabiá-laranjeira, a anunciar a chegada, ainda longe, da Primavera. É prenúncio de chuva? Talvez, ainda não. Mas traz uma paz para os nossos corações, alguma inspiração poética e a bela canção de Tom Jobim e Chico Buarque, vencedora do Festival Internacional da Canção, de 1968, na voz inesquecível de Elis Regina, que diz, com seu sorriso ancho: "Vou voltar, sei que ainda vou voltar..." Quem sabe, a esperança é a última que morre.
E hoje é dia 13 de agosto. Como caiu num sábado e não na sexta-feira, uma data boa para se ouvir, pela primeira vez no ano, o cantar desse pássaro tão querido pelos brasileiros.


O cantar do Sabiá
(José Carlos Camapum Barroso)

Sabiá cantou no quintal, depois de um longo e tenebroso inverno...
Era fim de tarde, início de manhã? Sei apenas que o mundo mudou:
Veio o ar da Primavera, o gosto seco de chuva...

O vento de setembro pôs fim ao de agosto. Sabiá-laranjeira, ave do peito-roxo,
Canto de primeira, som de Altamiro Carrilho na flauta...
Meu sabiá, bandeira, Brasão infinito de um Brasil brasileiro.

Sabiá-ponga,
Sabiá-piranga,
Meu Caraxué!
O sabiá-laranja

Cantou um canto triste no terreiro? 
Barriga-vermelha, de um canto fino, um cantar sovina, bem brasileiro.

Sabiá, sabiá
Não me leve a mal...
Vem cantar de novo
Aqui no meu quintal.




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