Em
tempos de pandemia, as pessoas se comunicam mais, se procuram mais. Trocam
textos, mensagens. Parece que a carência se torna universal e cada vez mais
aflitiva.
Recebi
pelo WhatsApp, esse poderoso veículo de comunicação, um texto sensível e
instigante do amigo, desembargador e poeta Itaney Campos.
Foi
como um desafio. Como se dissesse assim: vai, amigo, use a sua criatividade,
sua veia poética! Vamos em busca de palavras que confortem a humanidade em
tempos tão obscuros!
Aceitei
o desafio. Seguem algumas palavras inspiradas no texto do amigo, publicado
abaixo. Esperamos, de alguma forma, contribuir para acalmar as pessoas e trazer
a paz as famílias isoladas pelo mundo afora.
Na sequência, a voz inspiradora e confortante de Elizeth Cardoso em Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá.
Na sequência, a voz inspiradora e confortante de Elizeth Cardoso em Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá.
Esta é a hora, poeta!
Itaney Campos
É nesta hora, poeta, quando aves negras vagam
pelo céu, em círculos macabros, que urge a voz da poesia, e no temporal
infectado, se requerem os sons curativos do poema!
É agora, poeta, quando a cinza do silêncio e do
medo recobre as ruas, os tetos, penetra nos olhos congelados nas varandas, que
a poesia deve levantar-se como temporal que lava a noite e as luzes do
amanhecer.
Este é o território das lágrimas, das algas, do
lodo, o espaço das sombras e da patina, o templo do engano e do medo.
É a noite
da pessoa sozinha. Não vês, poeta, as mãos não se tocam, os abraços não alçam
voo, os lábios se contraem, enojados uns dos outros! O medo da noite
interminável paralisa os gestos solidários. Os discursos amorosos despetalam-se
ao golpe frio do inesperado.
Onde está
sua música, poeta? Desafinou-se ao menor ruído dos ventos poentes? Silenciou
-se aos ventos ruidosos da manhã? Desfralda o seu verbo, poeta, desata a sua
verve, que só essa é capaz de iluminar a relva.
Não subestimes o gume afiado da poesia, nem o
peso indelével da tua voz, agente poderoso a purificar o humano convívio! É
agora que quero vê-lo, poeta, destemido, encarando de frente as parcas, as
farsas, a fúria das armas dos fados.
Vês as hordas de anciãos marchando para o abismo?
Vês o turbilhão de crianças desfilando sem rumo? Esta é a hora, poeta, de
desvendar a capacidade de sonhos, por maior que seja o pesadelo que nos
atropela!
É hora de desfraldar a esperança, pois o inimigo
invisível, por letal e feroz que seja, não é capaz de contagiar os acordes da
sua lira!
Súplica aos poetas
José Carlos Camapum
Barroso
Vai poeta!
Abrir os campos, desvendar horizontes
Por trás os montes, entre vales
Que possa a cura nos encontrar...
Lá onde as sementes espalham
Sonhos, e as flores o pólen
Da sabedoria e do conhecimento.
Só aos poetas é dado trazer a luz
Que clareia a escuridão
Em tempos de sofrimento...
Vai poeta!
E traz o clarão que encandeia os males,
Ilumina a sabedoria e as ciências
Em tempos em que a escuridão
Teima em se espalhar incólume
Indiferente aos apelos vãos...
Vai poeta!
Ergue a barreira do saber
Por onde a ciência estenderá
Altiva e soberana o véu
Da cura e o bálsamo da dor.
Só aos poetas é dado o dom
Da sensibilidade onde a
Razão segue em busca da paz.
Belos, lindos. Poesia é alento, é remédio para alma. Daga Brasil
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