quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Em meio à pandemia, com a Palavra os psicólogos


Tenho visto nas ações das áreas de saúde em todo o país, estados e municípios, presença marcante de psicólogos nesse tempo de pandemia. Não apenas para atender pacientes vítimas da Covid-19, como também para profissionais de saúde expostos ao estresse causado pela doença.

Nesta quinta-feira, comemora-se o Dia do Psicólogo. Essa data foi escolhida porque, em 27 de agosto de 1962, o presidente João Goulart sancionou a Lei 4.119, que dispõe sobre a profissão. O psicólogo é o profissional da área de saúde responsável por estudar e orientar o comportamento humano, lidando com os sentimentos, traumas e crise. Tudo a ver com o que sempre fez parte da existência humana, destacando-se agora, em plena pandemia.

Nessa profissão, tenho como referência duas pessoas. O psicanalista Ítalo Campos, poeta e escritor, conterrâneo de Uruaçu, Goiás. Também o meu sobrinho Lucas Camapum Rosa, Gestalt-terapeuta, residindo e trabalhando em sua cidade natal, Brasília, e que também tem um viés poético e aptidões para a escrita.

Ítalo Campos está na profissão há décadas, em Vitória (ES), com larga experiência tanto de consultório, quanto no exercício de cargos na saúde pública. Lucas está exercendo a profissão há menos de três anos. O que une os dois – e os traz ao blog – é a poesia, mas, especificamente, a Palavra.

O ofício do psicólogo, na definição de Ítalo Campos, está sintetizada nesse poema acima, por ele construído: a cura pela palavra, que pode salvar, mas pode condenar ou adoecer.

Atualmente, há cerca de 320 mil psicólogos no Brasil, distribuídos na prática clínica, na educacional e na empresarial e Recursos Humanos. A todos esses profissionais, faço minhas homenagens por meio de Ítalo e Lucas, de suas palavras e versos, e da dedicação ao exercício pleno da Psicologia.

No universo musical, resgato Tom Zé e sua Nave Maria para ajudar nessa homenagem aos psicólogos. Um artigo de Tiago Sanches Nogueira, da Universidade de São Paulo (USP), diz que essa canção de Tom Zé “surge como uma espécie de texto documental que, ao conjugar letra e melodia, relata a experiência do nascimento como um acontecimento traumático, trazendo à cena uma tentativa de narrativa daquilo que nos é irrepresentável”. Na sequência, um vídeo em homenagem a esses profissionais.

Com a Palavra, os psicólogos, nesse dia a eles dedicado, cercados de desafios e conquistas por todos os lados.


O inconsciente
Lucas Rosa

Tempestade ou brisa
Que mal leva as folhas
É a cabeça

Não esqueça
Que sopra as escolhas
Meu intento? Paz,
Mas meu vento...

Dentro do meu ser
O que ele faz?
É mais, muito mais
Do que sei dizer...

Chove sem previsão
Neva, venta, cai o mundo
Contudo, então,
Abre o sol

Sempre assim em tudo
Meu coração
Censuro seu absurdo
Depois que o perscruto
Sou uno e não puno
Escuro absoluto

Não reina
Mas, escuto
Um bom quinhão
E isso
Não é em vão
Pois do inconsciente
Ventam os desejos
Nas velas dos sonhos

Somos os beijos
E os demônios
Mas não tema
Há remos! Rema!
Há velas!
Veleja, sonhador!
Não pode se afogar
Você já é o mar

Vácuos, vozes, amor
Ondas de prazer e dor
Vêm daqui desse lugar
Pode apenas se perder
No querer, no não-ter
Mas nunca no amar



2 comentários:

  1. Belíssima abordagem sobre esses profissionais! A sua sensibilidade torna todos os temas aprazíveis e com o desejo de reve-los! Parabéns!

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  2. Tanta coisa boa pra ler!!!gratidao!!!

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