segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Ipê amarelo e o sabiá trazem esperança em pleno agosto


Agosto é mês do desgosto, diz o dito popular. Existem dezenas de casos que são citados para dar guarida a essa máxima. E ela vem se sustentando ou sendo sustentada, aqui no Brasil, há décadas. Este ano, estamos há meses enfrentado a pandemia do coronavírus.

Mas, sempre tem um porém, o mês de agosto nos deu um bom sinal em meio a tudo isso. Apesar do clima muito seco, nenhuma chuva, muita poeira, queimadas e o calor chegando, devagarinho, pude sentir pelo menos um alívio no ar. O Sabiá começou a cantar no nosso quintal, bem mais cedo. No ano passado foi no dia 17 de agosto, um sábado. Este ano, também num sábado, mas, no dia 15.


Os ipês amarelos, bem timidamente, começaram a dar o ar da graça na imensidão do Planalto. Eles e o cantar do sabiá vêm se somar ao belo de todos os anos, nesta época: o alvorecer, o pôr do sol, os últimos raios de claridade a refletir na névoa seca...

Enfim, agora, o canto divino do sabiá-laranjeira, a anunciar a chegada, ainda longe, da Primavera. É prenúncio de chuva? Talvez, ainda não. 

Mas, traz uma paz para os nossos corações, alguma inspiração poética e a bela canção de Tom Jobim e Chico Buarque, vencedora do Festival Internacional da Canção, de 1968, na voz inesquecível de Elis Regina, que diz, com seu sorriso ancho: "Vou voltar, sei que ainda vou voltar..." Quem sabe. E Altamiro Carrilho com o som de sua flauta que lembrar o cantar dos pássaros. 

A esperança é a última que morre e está sempre a alimentar nossos sonhos. 

É bom ouvir, pela primeira vez no ano, o cantar desse pássaro tão querido pelos brasileiros. Já estava com saudade do canto suave e acolhedor. Que venham a Primavera, a chuva do caju e o cantar de todos os pássaros.

A humanidade precisa de esperanças. O canto do Sabiá é um bom presságio.

O cantar do Sabiá
(José Carlos Camapum Barroso)

Sabiá, no quintal, cantou, antes mesmo de findar o inverno...
Era fim de tarde, início de manhã? O mundo mudou:
Trouxe o ar da Primavera, gosto seco de chuva...

Vento de setembro põe fim ao de agosto.
Canto de sabiá espanta o desgosto...

Sabiá-laranjeira, ave do peito-roxo,
Canto de primeira, som de Altamiro Carrilho na flauta...
Meu sabiá Bandeira, Brasão brejeiro de um Brasil brasileiro.

Sabiá-ponga,
Sabiá-piranga,
Meu Caraxué!
O Sabiá-laranja

Cantou um canto triste no terreiro? 
Barriga-vermelha, de um canto fino,
Assoviar sovina, fina sinfonia bem brasileira.

Sabiá, sabiá
Não me leve a mal...
Vem cantar de novo
Aqui no meu quintal.

Sabiá, sabiá
Seu lugar é aqui
No terreiro
Do pé de pequi!


Nenhum comentário:

Postar um comentário