Desmatamento e queimadas continuam a ameaçar a preservação do Cerrado. Este
é mais um 11 de setembro que deveria ser dedicado a comemorações por conquistas
de preservação de um cerrado rico e belo, mas que será apenas uma data de
lamentações e denuncias de tantas agressões e desrespeitos a esse bioma.
Situação essa que se agravou neste governo, não apenas com relação ao Cerrado,
mas também na Amazônia e na Mata Atlântica.
O Cerrado é antes de tudo um forte! Resiste ao fogo das queimadas, à mão
desalmada de uma civilização em busca desenfreada pelo progresso.
O cerrado tem sua cultura própria, um jeito especial de viver e de sobreviver,
sem perder a imponência, jamais, em sua missão de resistir às intempéries.
Os desenhos retorcidos, distorcidos e encurvados das plantas do
Cerrado enganam os que as julgam frágeis. Essas árvores são capazes de sair do
cinza-enegrecido causado pelas queimadas de agosto/setembro para um verde
exuberante, com as primeiras chuvas do caju e do pequi nativos no Centro-Oeste.
Antes mesmo dessas chuvas, neste exato momento, já se pode ver algumas
plantas mostrando um verde-novo em meio ao amarelecido da grama e do mato.
Mesmo agora, já surgem lá no meio do cerrado o amarelo retumbante, exuberante,
radiante, cheio de vida da flor do ipê.
O Cerrado não é apenas essa beleza que nos enche de orgulho e
satisfação. É também sinônimo de sustentabilidade para uma sociedade que mal
consegue se manter em suas próprias raízes. O futuro está aqui, em meio a essa
biodiversidade que salta aos olhos, capaz de produzir alimentos, medicamentos,
energia e abrir portas para um turismo ímpar, sem similares em qualquer região
do mundo.
O quadrilátero do Distrito Federal, desenhado e traçado pela Missão
Cruls – sobre a qual já escrevi aqui no blog –, também está assentado em uma
região do Cerrado de rara beleza e de riquezas ainda bastante desconhecidas.
Nós goianos, temos orgulho de ter cedido a Brasília uma das mais belas e ricas
áreas do Centro-Oeste. As principais fontes de água do Brasil nascem neste
Planalto Central, que mostra força e pujança desde as entranhas da terra.
Saudemos o Cerrado e lutemos para sua preservação, antes que seja
tarde! Está certo o poeta brasiliense Nicolas Behr ao afirmar: “nem tudo que é
torto é errado/ veja as pernas do Garrincha/ e as árvores do cerrado”. Saudemos
também por meio de duas belas canções. A primeira, Flor do Cerrado, de Caetano
Veloso, na voz de Gal Costa; a segunda, a exuberante composição de Waldir
Azevedo, interpretada por ele mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário