sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Cerrado resiste exuberante às agressões. Até quando?

 

Desmatamento e queimadas continuam a ameaçar a preservação do Cerrado. Este é mais um 11 de setembro que deveria ser dedicado a comemorações por conquistas de preservação de um cerrado rico e belo, mas que será apenas uma data de lamentações e denuncias de tantas agressões e desrespeitos a esse bioma. Situação essa que se agravou neste governo, não apenas com relação ao Cerrado, mas também na Amazônia e na Mata Atlântica.

O Cerrado é antes de tudo um forte! Resiste ao fogo das queimadas, à mão desalmada de uma civilização em busca desenfreada pelo progresso. O cerrado tem sua cultura própria, um jeito especial de viver e de sobreviver, sem perder a imponência, jamais, em sua missão de resistir às intempéries.

Os desenhos retorcidos, distorcidos e encurvados das plantas do Cerrado enganam os que as julgam frágeis. Essas árvores são capazes de sair do cinza-enegrecido causado pelas queimadas de agosto/setembro para um verde exuberante, com as primeiras chuvas do caju e do pequi nativos no Centro-Oeste.

Antes mesmo dessas chuvas, neste exato momento, já se pode ver algumas plantas mostrando um verde-novo em meio ao amarelecido da grama e do mato. Mesmo agora, já surgem lá no meio do cerrado o amarelo retumbante, exuberante, radiante, cheio de vida da flor do ipê.

O Cerrado não é apenas essa beleza que nos enche de orgulho e satisfação. É também sinônimo de sustentabilidade para uma sociedade que mal consegue se manter em suas próprias raízes. O futuro está aqui, em meio a essa biodiversidade que salta aos olhos, capaz de produzir alimentos, medicamentos, energia e abrir portas para um turismo ímpar, sem similares em qualquer região do mundo.

O quadrilátero do Distrito Federal, desenhado e traçado pela Missão Cruls – sobre a qual já escrevi aqui no blog –, também está assentado em uma região do Cerrado de rara beleza e de riquezas ainda bastante desconhecidas. Nós goianos, temos orgulho de ter cedido a Brasília uma das mais belas e ricas áreas do Centro-Oeste. As principais fontes de água do Brasil nascem neste Planalto Central, que mostra força e pujança desde as entranhas da terra.

Saudemos o Cerrado e lutemos para sua preservação, antes que seja tarde! Está certo o poeta brasiliense Nicolas Behr ao afirmar: “nem tudo que é torto é errado/ veja as pernas do Garrincha/ e as árvores do cerrado”. Saudemos também por meio de duas belas canções. A primeira, Flor do Cerrado, de Caetano Veloso, na voz de Gal Costa; a segunda, a exuberante composição de Waldir Azevedo, interpretada por ele mesmo.

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