Idoso no Brasil virou sinônimo de entulho, problema que
precisa ser resolvido antes que comece a cheirar mal; urge que seja removido e substituído por peças produtivas. O coronavírus tirou a roupagem da desfaçatez, deixou o
aposentado nu e os idosos passaram a ser mera estatística, números que traduzem
ou conduzem determinadas realidades.
Como resultado da ação do
coronavírus, num país onde não existiu coordenação nacional para enfrentamento da
pandemia, o Dia Internacional do Idoso é comemorado hoje (1º/10) no Brasil com
menos 100.818 pessoas com mais de 60 anos, todas vítimas da Covid-19 em pouco
mais de seis meses de pandemia.
Esse dado foi fornecido pela
economista Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Ipea e especialista em
envelhecimento. Este número significa cerca de 11% do total de óbitos de idosos
verificados em todo o ano de 2019. Representa, ainda, uma redução de quase 0,5%
na população de idosos em 2020.
O Brasil caminha na
contramão de todas as propostas que circulam pelo planeta relacionadas aos
idosos. Vários organismos internacionais reconhecem que o desenvolvimento só
será possível se for inclusivo para todas as idades. No nosso país, com a
chegada da “gripezinha” que já matou mais de 143 mil pessoas, ficou evidente
que a cultura do individualismo é danosa sobre todos os aspectos. Serviu para
escancarar, também, que a desigualdade está na origem de todos os problemas.
As populações idosas aumentam mundo afora. À medida em que as taxas de fertilidade diminuem, a
proporção de pessoas com 60 anos ou mais hoje tende a triplicar, devendo
alcançar cerca de dois bilhões em 2050. Na maioria dos países, o número de
pessoas acima dos 80 anos deve quadruplicar para quase 400 milhões.
No Brasil, em 2030, o
número de idosos vai superar o de crianças e adolescentes de zero a quatorze
anos. Em sete décadas, a média de vida do brasileiro aumentou 30 anos, saindo
de 45,4 anos em 1940, para 75,4 anos em 2015. O envelhecimento da população tem
impactos significativos na saúde, apontando para o valor que tem a organização
da rede de atenção à saúde.
É importante lembrar que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) classifica como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade em
países desenvolvidos, e com mais de 60 anos nos países em desenvolvimento.
Portanto, ingressei nessa estatística mundial já há seis anos.
Não há o que comemorar este ano no Dia Internacional do Idoso para quem vive num país que perdeu o rumo. O comandante dessa nau chamada Brasil parece ter ido ali conferir se a Terra é de fato plana, se a população está sendo devidamente armada, se temos cloroquina suficiente para evitar a morte de algumas pessoas que vão morrer mesmo... os idosos.
Como diria o músico Tom Zé: Lá vai a
Terra meus filhos/ levando seus assassinos...
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