Em 2011, aqui no blog, escrevi algumas
palavras sobre Fernando Pessoa pelas comemorações do 123º aniversário do seu
nascimento (para ler, clique aqui). Para mim é um dos maiores poetas da humanidade. Pelo menos é o que
me toca mais fundo por toda a beleza que construiu em versos. Fernando Pessoa é
tudo que se possa imaginar no mundo da poesia.
Cantou o amor, o sonho, a esperança.
Foi simples e sofisticado. Brincou com a literatura e a filosofia. Soube ser
enigmático e ao mesmo de tempo de uma clareza poucas vezes igualável. Era ao mesmo
tempo "médico", "engenheiro", "professor" e, sempre, poeta.
Recebeu influência do simbolismo e do
futurismo e, em algumas partes de sua obra, é possível perceber certo niilismo,
talvez pela influência de Nietzsche e de Schopenhauer. Mas, era bucólico,
monarquista e defensor da cultura latina, em Ricardo Reis. Ao mesmo tempo, um lorde
inglês, em Álvaro de Campos; sem perder a simplicidade, em Alberto Caeiro.
Faço questão de transcrever aqui um
comentário ao texto que escrevi em 2011. Foi postado pelo sobrinho (por
afinidade), poeta, cronista, contista e diplomata Matheus Carvalho, atualmente
morando em Buenos Aires. Disse ele sobre Fernando Pessoa:
“Na minha opinião,
ele é o maior poeta que já teve sua sombra projetada no chão deste mundo. Tanto
o sonhar como uma simultânea desilusão com o futuro, tanto a contemporaneidade
quanto o classicismo, tanto a poesia livre quanto a metrificada, tanto a epopeia
quanto o lirismo, tanto a filosofia quanto a recusa à filosofia, tudo habita na
obra deste que é um dos meus grandes ídolos.”
Matheus assinou isso embaixo do meu
texto. Hoje, eu assino embaixo de suas palavras.
Se estivesse ainda entre nós, Fernando
Pessoa estaria fazendo hoje 125 aninhos. Uma pena que tenha morrido tão novo,
vítima de cirrose hepática, com apenas 47 anos de idade. E produziu essa
grandiosidade toda, pura arte, obra prima.
Nossa singela, mas sincera, homenagem
ao Poeta Maior, com esses pretensiosos versos em forma de um soneto. E, claro, nada melhor do que ouvir Nau Martins e Os Argonautas interpretando Mar Português, de Pessoa.
José Carlos Camapum
Barroso
Habito num mundo pobre de sonhos
Que nem poetas arriscam mais sonhar.
E, numa rua de olhares tristonhos,
Quem vê pedra, não enxerga o mar.
Este mar por onde navegou Camões
Nada (nada!), nem sal nos serve mais...
Apenas ondas de doces ilusões
Versos quebrados, parados no cais.
Portos que um dia ouviram Pessoa
Dizer sonetos, canções imortais,
Ouvem apenas uma onda que ecoa
Murmúrios e soluços banais.
Nem a revolução nos abençoa...
E cravos não são flores, são jornais.
"Cravos não são flores, sào jornais"! Muito legal. Muito legal também o que disse Matheus: o maior poeta que já teve sua sombra projetada no chão deste mundo". Fernando Pessoa é trezentos e cinquenta (como Mário disse, num outro contexto). FP viverá além dos mil anos....
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