sexta-feira, 8 de julho de 2022

Dia do padeiro e do pão nosso de cada dia

 

Antigamente as famílias recebiam, de madrugada, o pão nosso de cada dia em casa. O morador deixava pendurado na porta, ou no portão, uma sacola de pano. O padeiro passava e depositava ali o pão quentinho, fresquinho e cheiroso – mais saboroso impossível.

De vez em quando não resistíamos à tentação e tomávamos emprestado um desses produtos. Principalmente quando acordávamos bem cedo para nossas aulas de educação física. Depois, era só confessar para o padre, fazíamos a penitência devida e ficava tudo bem. Não era pecado mortal.

Na adolescência, na pequena Uruaçu de muitas noitadas e serestas, cultivávamos o hábito de fechar a noite passando por uma padaria (na realidade, uma casa ou um local de fazer pães, que depois eram distribuídos pelas residências, bares e restaurantes). Pegávamos aquele pão quentinho e lambrecávamo-no de manteiga, que derretia... Huuuuum, que delícia! Bom demais da conta!

Lembrei disso por que hoje é dia de Santa Isabel, que se tornou a padroeira dos padeiros e das panificadoras a partir de um milagre, que teria ocorrido no ano de 1333, em Portugal (veja um resumo da história abaixo). 

Hoje é comemorado em todo o mundo o Dia do Padeiro. O pão está associado à história da humanidade. É o maior alimento dos homens há mais de dois mil anos. Está ainda vinculado ao milagre dos pães, feito por Jesus. Gesto que a humanidade tenta preservar, e até mesmo repetir, há séculos.

Tem muito a ver, também, com a luta contra a fome dos mais humildes. Principalmente nos dias atuais, no Brasil, em que mais de 33 milhões de brasileiros passam fome. Por consequência é também associado ao trabalho, às ideias e à liberdade dos povos. Uma música bastante simbólica é Artigo 26, postada abaixo, composição de Ednardo e cantada por ele e pelo Pessoal do Ceará.

Além de tudo isso, o pão é um alimento saboroso e combina com diversos tipos de comida. Não acredito em café da manhã sem pão. Pode ter tudo - frutas, cereais, salsichas, bacon, sucos, leite, café -, mas se não tiver pão, de preferência quentinho... não é café da manhã!

Parabéns aos padeiros e a todos que se dedicam à arte de fazer pão.

O dia em que pães viraram rosas

A história da padroeira dos panificadores, Santa Isabel, vem de Portugal. Conta-se que em 1333, houve uma fome terrível naquele país; nem os ricos foram poupados. Dona Isabel, uma rainha muito virtuosa, casada com o rei Dom Diniz, empenhou suas jóias e mandou vir trigo de lugares distantes para abastecer o celeiro real, mantendo, dessa forma, seu costume de distribuir pães aos pobres durante as crises. Sua caridade, porém era anônima; nem o rei sabia dessa atividade. Num desses dias de distribuição, o rei apareceu, inesperadamente, e a rainha, temendo a censura do marido, escondeu os pães nas dobras do avental. O rei percebeu o gesto, e perguntou, surpreso:

- Que tendes em vosso avental? 
A rainha, erguendo o pensamento ao Senhor, disse em voz trêmula: 
- São rosas, senhor. 
O rei replicou: 
- Rosas em janeiro? Deixai que eu as veja e aspire seu perfume. 
Santa Isabel abriu o avental e, no chão, para espanto geral, caíram rosas frescas, perfumadas, as mais belas até então vistas.

D. Diniz não se conteve e beijou as mãos da esposa, retirando-se enquanto os pobres gritavam: "Milagre, milagre!".

Por essa razão, o Dia do Padeiro (ou panificador) é comemorado no mesmo dia de Santa Isabel.


2 comentários:

  1. Lembra do Sr. Alirio? Era o padeiro de nossa cidade. E depois, Sr. Enio. A padaria era na praça Castro Alves.

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    1. Lembro, sim. De todos os dois padeiros. Obrigado pela participação aqui no blog.

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