quarta-feira, 6 de julho de 2022

Poesia atiça nossas lembranças sobre um Dia de Domingo

 

As manifestações culturais da nossa querida Uruaçu, no interior de Goiás, estão sempre a nos revelar gratas surpresas. A mais recente delas foi uma poesia divulgada num grupo de WhatsApp, da lavra do professor Edson Arantes Júnior, que leciona História na Universidade Estadual de Goiás, Campus Norte, com sede em Uruaçu.

O professor-poeta teve a sensibilidade, e o talento, de tratar em versos um tema muito pertinente a todos nós interioranos, que é o domingo. Um dia especial não por ser o dia do descanso semanal. Até porque muitos optam pelo descanso no sábado.

Acontece que o domingo é repleto de lembranças e enriquecido por atividades culturais as mais diversas. No nosso tempo de criança, na pequena Uruaçu, era dia de colocar uma roupa melhor, um sapato limpo, pentear o cabelo e começar tudo pela missa matinal. Depois ouvir música, bater papo com os amigos, parentes, até o almoço, que geralmente oferecia no cardápio: frango, galinha e/ou uma apetitosa macarronada.

O poema Dia de Domingo, desse poeta, professor e doutor em História pela Universidade Federal de Goiás, tem a capacidade de nos fazer viajar no tempo e de nos sentirmos como se estivéssemos em um dia de domingo, sentado à mesa do almoço familiar, aguardando o tão esperado e tão bem-preparado prato domingueiro.

Com a palavra o poeta, sua poesia e esses versos condutores de nossas lembranças.


Dia de domingo

Edson Arantes Junior

 

Preso no tanque

Um frango gordo

Espera aflito

 

A velha pega

Mãos ágeis

Firma pés, cabeça

 

No fim do pescoço

Atraca o polegar

Rodopia as penas

Até estalar

 

Água fervente

Não pode esperar

Escalda bem

Pra limpar

 

Rapidamente ele está branco

No fogo ele sapeca

Daqui, dali

- tem de queimar bem,

Pra não ficar cheiro

 

Leva pra pia

Lava com bucha e sabão

Seca com esmero

Começa a cortar

 

-presta atenção, quem

Sabe abrir um frango

Termina com vinte um pedaços

 

- Já cortou? O velho perguntava

Uma velha frigideira

Pouco óleo

O figo no fogo

 

Só um pouco

Pra tirar gosto

Uma dose de cachaça

Um pedaço pro menino

 

Tinha angu e quiabo

O frango é novo

Cuidado

 

De novo o velho

Dividia a moela

Com o menino

 

O menino não inzonava pra comer

A velha contava um causo

Era tanta

Vida


6 comentários:

  1. Memórias de um poeta!!
    Nos faz reviver o passado, passado distante, quase presente!!
    Gratidão

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  2. Respostas
    1. Também achei, Rodrigo. Viajei no tempo por meio das lembranças. Agradecido pela sua participação no blog.

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  3. Bão demais!! Tem muito menino hoje que nunca viu preparar um frango desse jeito, a geração fast food so come peito de frango, que acham que nasce na bandeijinha do supermercado.

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