sábado, 12 de novembro de 2011

Paulinho da viola, do cavaco, de ontem, hoje e sempre

 Há umas coincidências na vida que são interessantes. Ontem e hoje cedo, baixou uma vontade de escrever alguma coisa sobre a arte e o talento de Paulinho da Viola. Fiquei refletindo sobre uma coisa que sempre admirei nele: a suavidade. Paulinho é suave, leve, gentil, elegante no modo de falar e de cantar. É difícil imaginar um Paulinho da Viola dando chilique, por exemplo, ou tendo uma crise nervosa, irritando-se ou algo do gênero.
Estava pensando sobre isso quando me deparei com a informação de que hoje é aniversário de Paulinho da Viola. No dia 12 de setembro de 1942, nascia no Rio de Janeiro, Paulo César Batista de Farias, que viria a ser chamado de Paulinho da Viola e se tornaria um dos maiores compositores, intérpretes e sambistas da música popular brasileira, para contrariedade do pai e violeiro Benedito César Ramos de Faria, o Seu César, que queria que o filho fosse “doutor”.
Paulinho é a síntese da nossa MPB. Se olharmos cuidadosamente para ele, veremos um pouco de Jacob do Bandolim e outros chorões que passaram pela casa do Seu César. Um pouco de Cartola e suas letras geniais; certa influência do violão de Canhoto da Paraíba; a majestade do samba da Portela, Mangueira e outras escolas dos morros cariocas; a influência de parceiros como Casquinha, Candeia, Hermínio Belo de Carvalho, Elton Medeiros e tantos outros; do chorinho, da bossa-nova, da valsa e do samba-canção.
Paulinho é um artesão, antes de ser compositor. Constroi músicas e interpretações como a mesma paciência, simplicidade e tranqüilidade com que se dedica à madeira, ao serrote e ao martelo. Os objetos trabalhados por suas mãos espalham-se pelos cômodos de sua casa com a mesma perfeição e delicadeza com que suas músicas penetram os corações de milhões de admiradores pelo Brasil afora.


Seu talento para resgatar compositores esquecidos, regravar músicas antigas é publico e notório. Paulinho, muitas vezes, dá roupagem a uma música que não ouvíamos há tantos anos, com a capacidade de transformá-la em alguma coisa nova, sem que ela perca a beleza original, jamais.
Paulinho é isso tudo e muito mais. Um compositor que marcou nossa geração desde um rio que passou em minha vida, passando pelo Sinal Fechado até desaguar no Beba do Samba. É relíquia do nosso cenário musical, jóia rara que se nos apresenta.
Abaixo, um vídeo em que Paulinho canta, ao vivo, sua bela Dança da Solidão, com Gilberto Gil, e outro em que ele interpreta o clássico Foi um Rio que Passou em Minha Vida, acompanhado de muita gente boa do samba. Dança da Solidão, com Paulinho e Marisa Monte, já foi postada aqui no blog, numa homenagem a Raphael Rabelo.



Um comentário:

  1. OLá Zeca, que legal termos o Italo Campos como amigo comum. OLha, arrasou o texto sobre Paulinho,esse cara é muito especial,talentoso e carismático. tenho uma gravação dele tocando Pixinguinha, um luxo!
    Abraçoamigo
    Renata Bomfim

    ResponderExcluir