A questão do uso da energia atômica deixou de ser apenas um tema exclusivo das autoridades. Nesta segunda-feira, no centro de Tóquio, capital do Japão, cerca de 70 mil japoneses foram às ruas exigir uma política que ponha fim ao uso de usinas nucleares como fonte de energia. A maioria dos participantes era de moradores da região de Fukushima, arrasada pelo terremoto, seguido de um tsunami e de vazamento nuclear (para ler mais sobre o assunto, clique aqui).
Este blog tem chamado a atenção para a necessidade, urgente, de se abrir e ampliar o debate sobre o uso de energia nuclear e as possibilidades de sua substituição por energia limpa, a partir de recursos renováveis. O Brasil, infelizmente, não tem demonstrado disposição para discutir essa matéria com setores representativos da sociedade.
O povo japonês, que sentiu e sente até hoje as dimensões da tragédia, está saindo às ruas para exigir das autoridades celeridade no processo de substituição da energia nuclear. Foram mais de onze mil mortos e dezenas de milhares de desabrigados. Cerca de 80 mil pessoas estão impedidas de voltar para suas casas na região de Fukushima.
O sofrimento dessa gente é incalculável. Só isso para explicar o motivo pelo qual milhares de pessoas tenham saído às ruas para pedir investimento em novas fontes de energia, justamente num país em que essas possibilidades são escassas. O Japão sabe o tamanho da tragédia que viveu, e o seu povo, traumatizado, acredita que um acidente dessa natureza, ou até mesmo de maiores dimensão, pode acontecer novamente.
O Brasil continua adotando a mesma postura nesses seis meses que se seguiram à tragédia ocorrida no Japão: não abre o debate sobre o tema, e continua a construção da usina nuclear de Angra III e a alimentar os planos para construção de mais quatro usinas ao longo do Rio São Francisco (veja matéria sobre isso).
A presidente Dilma Rousseff aproveitaria uma boa oportunidade se lançasse uma luz sobre o assunto em seu discurso de abertura da ONU, no próximo dia 21, quarta-feira. Vamos aguardar.
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