Brasília precisa cuidar melhor das suas esperanças

Nosso colega Kiko Paz, lá da Caesb, também tem a sua sensibilidade poética. Escreveu esse texto abaixo, que reproduzo por se tratar de uma visão de Brasília de quem é filho da terra. É importante ver que as pessoas olham a sua própria cidade com bons olhos, mas também com uma visão crítica. Essa questão das “esperanças que cegam os olhos das pessoas que nela vivem” é bem interessante.

Brasília foi construída sob o signo da esperança de Juscelino Kubistchek, de Lúcio Costa e Niemeyer, dos candangos e de todos os brasileiros. Chamo a atenção para o fato der que o próprio cidadão brasiliense tema pela cegueira que pode ser causada justamente pela esperanças que a cidade traz em si.

Confiram o texto desse jovem brasiliense. Ele nos ajuda a pensar sobre a cidade que queremos e a fechar esse domingo de forma civilizada e suave.

Brasília

Kiko Paz, em junho de 2004

 

Brasília que cresce todos os dias, cheia de esperanças

Esperanças que cegam os olhos das pessoas que nela vivem

Pessoas que vivem da luta para sobreviver

Sobreviver a essa Brasília

Brasília impune

Brasília egoísta

Brasília hipócrita

Brasília de várias caras

Brasília que habita nossa vergonha nacional

Brasília do rock, da juventude

Brasília dos ambulantes, feirantes e butiques famosas

Cidade que cresce todos os dias, cheia de esperanças

Esperanças que cegam os olhos das pessoas que a habitam

Brasília bela por sua arquitetura, triste por suas atitudes

Entristece-me viver sufocado por tantas falsidades e falcatruas

Logo Brasília que poderia ser o palco das mudanças sociais.