Djavan resgata Othon Russo e a beleza do bolero

Djavan anda meio apagado como compositor. Fez belas canções na fase inicial da sua carreira, mas, ultimamente, na minha modesta opinião, anda acertando muito pouco. Como intérprete continua genial, impecável. Prova disso é o CD Ária, que traz o cantor alagoano interpretando outros compositores. Muito bom.

Esse disco tem várias qualidades, mas destaco o resgate de um compositor que anda meio esquecido: Othon Russo. Ele fez sucesso na década de 50, principalmente na voz de Ângela Maria, que teria tido um namoro com o compositor. Depois, Othon foi bastante gravado pelos cantores da Jovem Guarda como Jerry Adriane, Wanderléia e o próprio rei Roberto Carlos. Caiu nas graças até mesmo de cantores do estilo brega, como Odair José.

Depois dessa fase, Othon Russo caiu nas graças de intérpretes como Elis Regina, Ney Mato Grosso e agora Djavan, que teve a sensibilidade de escolher a belíssima Sabes Mentir, uma das primeiras composições desse carioca da gema, nascido em janeiro de 1925. Sabes Mentir é um bolero gostoso de ouvir, com uma letra enxuta e muito bem acomodada na melodia. Confira abaixo.

Lá pelo início da década de 60, Elis Regina lançou seu primeiro disco: Viva a brotolândia, que tinha de tudo, inclusive rock (sobre esse disco da Pimentinha já falei neste blog – para ler, clique aqui). Nesse LP, Elis gravou também a balada Tu Serás, de Othon Russo em parceria com Angela Martignoni. Uma canção interessante, que mostra a intérprete Elis Regina bem diferente daquela que viria a fazer sucesso na MPB. Também reproduzo Tu Serás abaixo para ajudar no resgate desse bom compositor que foi Othon Russo.

Essas duas canções ajudam a fechar essa quinta-feira modorrenta e esperar, com certa ansiedade, a sexta-feira de todos os santos (nós, pobres mortais, inclusive).