segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Morte do leiteiro e a poesia viva do poeta Drummond

Morte do Leiteiro é um dos poemas de Drummond que eu mais aprecio. Ele fala da luta diária de um trabalhador para garantir um produto vital para a vida. A correria da cidade grande, os riscos de quem trabalha na madrugada, a falsa ilusão de segurança de quem tem uma arma ao alcance das mãos. E a nefasta legenda, muito comum até os dias de hoje, de que gatuno se pega com tiro.
A tragédia na madrugada tem barulhos, cores, sons e até mesmo silêncio que são próprios do final de noite e do aproximar do amanhecer. Drummond retrata tudo isso com extrema sensibilidade, com as palavras adequadas e ironia na medida certa. O poeta termina misturando cores da vida e da morte com o surgir da alvorada. Esse poema, como muitos outros de Drummond, é digno de ser compartilhado sempre com os amigos.
O Dia D, de Drummond, está consagrado. Falei sobre ele ontem (para ler clique aqui) e tenho agora a convicção de que já faz parte do nosso calendário cultural. Ouçam o poema na voz do próprio Drummond e durmam em paz.


2 comentários:

  1. "Leite bom prá gente ruím...", diz o poeta. E ainda "bala que mata gatuno também serve para tirar a vida do nosso irmão,," Por fim, leite e sangue misturado formam um terceiro tom, a que chamamos aurora....Da notícia trágica e insípida do jornal, o poeta retira muita substância humana, lírica, reflexiva crítica e elegíaca...." É Drummond....

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  2. O Leiteiro faz uma entrega solitária, sofre uma realidade que nos custa acreditar, mas ele é apenas "O Leiteiro", o engano é narrado como se estivéssemos vendo a cena. Se era alegre, se era bom, não sei, é tarde para saber. Drummond fala muito por todos nós.

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