Rita Lee, Arnaldo e Sérgio nos bons tempos da banda os Mutantes |
Arnaldo Baptista no sítio para onde se mudou com sua "menina" |
Arnaldo Batista é uma
das figuras mais interessantes da música brasileira. Não apenas pelo seu
talento de músico – que herdou da mãe pianista e compositora – e de letrista -
que herdou do pai jornalista e poeta –, mas principalmente pelo exemplo de
vida, de figura humana que cerca sua existência, marcada por altos e baixos –
ambos muito distantes de qualquer parâmetro do que se poderia chamar de normalidade.
Talvez, por isso mesmo,
algumas pessoas mais apressadinhas e superficiais, costumam dizer que Arnaldo é completamente louco – ou pelo menos,
os mais condescendentes, dizem que ele era
louco por completo. Na verdade, Arnaldo respondeu a todos eles, na letra da
bela canção Dizem Que Sou Louco, ao
afirmar poeticamente que “louco é quem me diz, mas não é feliz”.
Líder da banda “Os
Mutantes”, marco importante na história do rock’n roll no Brasil, com
reconhecimento não apenas aqui, mas também no exterior, Arnaldo Batista viveu
sempre muito perto dos limites e nunca perdeu sua capacidade de ousar, com
criatividade e talento. Era instigante e intrigante e fez a música pop
brasileira do seu tempo voar mais alto.
Foi internado diversas
vezes. Numa delas, tentou suicídio, pulando do quarto andar do Hospício
Municipal de São Paulo. Sofreu traumatismo craniano e ficou internado numa UTI
pelo período de quase dois meses. Foi então que surgiu em sua vida uma figura
de dimensão que também ainda precisa ser mais bem analisada e explicada.
Lucinha Barbosa – a “minha menina” – era apenas uma fã de Arnaldo, mas passou a
visitá-lo todos os dias na UTI. Quando percebeu que ninguém mais ia vê-lo, nem
mesmo os parentes, Lucinha levou-o para um sítio. Vivem juntos há mais de
trinta anos.
Kurt Cobain, do
Nirvana, chegou a manifestar em carta, quando andou pelo Rio de Janeiro, sua
profunda admiração pelo talento musical e pela grandeza de Arnaldo como pessoa.
Manifestação semelhante fez, em público, durante um show, Sean Lennon, o filho
de John Lennon. O maestro Rogério Duprat garante que os Mutantes são a coisa
mais importante do Tropicalismo. E foi peremptório: “a cabeça disso é o
Arnaldo, que é a coisa mais importante que aconteceu de 1967 para frente”.
A mentalidade
mediocrizante brasileira gosta de tratar a genialidade de Arnaldo Batista como
uma forma de loucura. Mas, Arnaldo com os Mutantes e o Tropicalismo foi genial.
Em sua carreira solo, também. Chegou a gravar cinco álbuns, sendo que um deles
é uma obra-prima do rock nacional: Lóki? Um
disco, como recomenda Rogério Duprat, para ser ouvido em alto volume. Ao lado
do irmão Sérgio, produziu e participou de shows históricos, não apenas na época
do grupo original, mas também neste milênio, como a série de apresentações no
exterior para relembrar os Mutantes. O show começou por Londres e chegou a
reunir público de 80 mil pessoas. Lançou dois livros de ficção científica e
centenas de pinturas a óleo.
Arnaldo é uma pessoa
extremamente sensível, afável, cordial, de bem com a vida e com o mundo. Foi o
primeiro a defender o meio ambiente, muito antes do modismo que hoje cerca o
tema. Está preparando mais um disco para ser lançado este ano: Esphera.
Pra relembrar Arnaldo,
Os Mutantes e o Tropicalismo, nada melhor do que ouvir, numa sexta-feira, a
psicodélica canção Panis et Circenses. Depois, a canção Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?, com música, letra e um arranjo maravilhoso
de Arnaldo.
Muito bom. Comecei a conhecer a obra do Arnaldo a partir de seu album Let It Bed, o qual achei show de bola!
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