No ano passado, nesta
mesma data, escrevi aqui sobre os 99 anos que Nelson Rodrigues faria se vivo
estivesse (para ler, clique aqui). Hoje ele completaria 100 anos. Uma pena que
não esteja entre nós para comemorarmos com muita alegria o centenário de um
brasileiro simplesmente genial. Nelson morreu aos 68 anos, portanto, ainda
novo, cheio de vida e esbaldando criatividade.
Apenas de duas décadas
pra cá, Nelson Rodrigues passou a ter o reconhecimento que sempre mereceu, mas
não o tinha muito provavelmente por causa do seu espírito de cidadão polêmico e
contestador, recusando sempre o comodismo da unanimidade, pois entendia que “toda
a unanimidade é burra”.
"O Fla-Flu surgiu 40 minutos antes do nada"
(Nelson Rodrigues)
Por ironia do destino,
Nelson Rodrigues tornou-se, de alguns anos pra cá, unanimidade no que diz
respeito ao reconhecimento da grandeza do seu trabalho e da contribuição
valorosa que deixou para o teatro, a crônica literária, o esporte, o jornalismo
e tantas outras atividades da nossa vida cultural. Nelson é hoje uma
unanimidade inteligente, o que prova que toda regra tem exceção.
No rio de Janeiro, foi
montada uma série de atividades para comemorar os 100 anos de nascimento desse
carioca da gema, que se tornou um brasileiro respeitado e admirado. Todo o mês
de agosto está sendo dedicado a apresentação de peças, exposições e mostra de filmes baseados em textos de Nelson Rodrigues. Em São Paulo, as
comemorações estão acontecendo e vão ser estendidas até o final do ano.
Em Brasília, a capital
da República, infelizmente, nada foi programado para participarmos das
homenagens aos 100 anos de Nelson Rodrigues. Seria uma boa oportunidade para
debatermos a obra desse gênio e também para conhecermos melhor seu universo
literário. O jornalista Ruy Castro, que sabe muito a respeito dessa figura, disse
em um debate que “precisaria de mais 100 anos para mergulhar em toda a obra de
Nelson Rodrigues”.
Nós, pobres mortais,
moradores de Brasília, vamos precisar então de pelo menos 101 anos, porque o
ano de 2012, em termos de apresentação da obra de Nelson Rodrigues, está
perdido.
Ou será que não? Com a
palavra a Secretaria de Cultura do Distrito Federal. O secretário Hamilton
Pereira, que vem fazendo um bom trabalho, tem até dezembro para se redimir e
colocar Brasília no centenário de Nelson Rodrigues. Enquanto isso não acontece, vamos relembrá-lo ouvindo uma de suas mais belas crônicas, em que ele fala do manto sagrado - a camisa do Flamengo, que ele chegou a vestir (veja foto acima). Ou seja, até os tricolores se rendem à grandeza dessa instituição futebolística e cultural que é o Clube de Regatas Flamengo.
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