terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Samba mora na Filosofia e a Filosofia mora no Samba

Todo bom sambista tem um pouco de filósofo. Além do lamento, que o sambista traz desde as origens da nossa música popular, a aptidão para filosofar também está na raiz do samba. Ganhou corpo e dimensão com Noel Rosa e a sua antológica Filosofia, música que Chico Buarque gravou e vários outros intérpretes já cantaram em disco e em shows.
Os sambistas gostam também de profetizar e de sonhar com um mundo bem melhor, como apropriadamente disse Candeia, no belíssimo samba A Luz do Vencedor: “Sua vida no bem sublimar/ E ajudar a erguer o pilar/ De um mundo bem mais feliz”. Música essa que ficou imortalizada na voz de Luiz Carlos da Vila e postada abaixo. Candeia também compôs Filosofia do Samba, que Paulinho da Viola tornou imortal.
Mauro Duarte, um sambista que veio de Matias Barbosa, interior de Minas Gerais, trouxe de lá, em sua veia de poeta e de sambista, um pendor muito grande para filosofar e profetizar. Teve belos sambas gravados por Elton Medeiros, Clara Nunes, Tia Surica, Paulinho da Viola e tantos outros.
Mauro Duarte sambista mineiro
As canções Lama e Menino Deus, desse extraordinário compositor que foi Mauro Duarte, são dois belos exemplos dessa particularidade muito explorada pelos sambistas brasileiros. A primeira foi lançada e eternizada pela saudosa Clara Nunes. A segunda recebeu uma gravação, ao vivo, de arrepiar da cantora paranaense Maitê Corrêa. Ambas estão reproduzidas abaixo.
Do disco Tudo Azul, gravado pela Velha Guarda da Portela, devem ser registradas duas canções que são elucidativas desse universo sambista-filosófico: O Mundo é Assim, de Alvaiade, e Nascer e Florescer,do também portelense Manacéa, ambas fortemente marcadas pelo conformismo. O cantor e compositor Monsueto, que só gravou um disco na sua carreira, também filosofou com a sua inesquecível Mora na Filosofia, consagrada na voz de Caetano Veloso.
Enfim, o universo de filósofos que viraram sambistas, ou de sambistas que aprenderam muito cedo a filosofar, é imenso e capaz de preencher um capítulo à parte na história da música popular brasileira.
Como eu adoro Filosofia e sou apaixonado pelo Samba, acho essa mistura salutar.


3 comentários:

  1. Beleza, que é a canção brasileira! Vida longa pra ela e pros nossos compositores, instrumentistas e interpretes!

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  2. ZecaBlog

    Vc. deve ser muito novo, porque "Mora na Filosofia" de Monsueto, foi consagrado na voz de MARLENE e não de Caetano Veloso. Caetano Veloso e Maria Bethania regravaram esse sucesso da cantora MARLENE, que foi uma das maiores intérpretes das músicas de Monsueto.

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    1. O leitor "Anônimo" tem razão, em parte. É bela a interpretação da cantora Marlene para a música Mora na Filosofia, de Monsueto. Caetano Veloso deu à canção uma roupagem nova, moderna. As duas, na minha modesta opinião, foram importantes para tornar essa música tão conhecida como ela é atualmente.

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