Todo bom sambista tem
um pouco de filósofo. Além do lamento, que o sambista traz desde as origens da
nossa música popular, a aptidão para filosofar também está na raiz do samba. Ganhou
corpo e dimensão com Noel Rosa e a sua antológica Filosofia, música que Chico Buarque gravou e vários outros
intérpretes já cantaram em disco e em shows.
As canções Lama e Menino Deus, desse extraordinário compositor que foi Mauro Duarte,
são dois belos exemplos dessa particularidade muito explorada pelos sambistas
brasileiros. A primeira foi lançada e eternizada pela saudosa Clara Nunes. A
segunda recebeu uma gravação, ao vivo, de arrepiar da cantora paranaense Maitê
Corrêa. Ambas estão reproduzidas abaixo.
Os sambistas gostam
também de profetizar e de sonhar com um mundo bem melhor, como apropriadamente
disse Candeia, no belíssimo samba A Luz
do Vencedor: “Sua vida no bem sublimar/ E ajudar a erguer o pilar/ De um
mundo bem mais feliz”. Música essa que ficou imortalizada na voz de Luiz Carlos
da Vila e postada abaixo. Candeia também compôs Filosofia do Samba, que Paulinho da Viola tornou imortal.
Mauro Duarte, um
sambista que veio de Matias Barbosa, interior de Minas Gerais, trouxe de lá, em
sua veia de poeta e de sambista, um pendor muito grande para filosofar e
profetizar. Teve belos sambas gravados por Elton Medeiros, Clara Nunes, Tia
Surica, Paulinho da Viola e tantos outros.
Mauro Duarte sambista mineiro |
Do disco Tudo Azul,
gravado pela Velha Guarda da Portela, devem ser registradas duas canções que são elucidativas desse
universo sambista-filosófico: O Mundo é
Assim, de Alvaiade, e Nascer e
Florescer,do também portelense Manacéa, ambas fortemente marcadas pelo
conformismo. O cantor e compositor Monsueto, que só gravou um disco na sua
carreira, também filosofou com a sua inesquecível Mora na Filosofia, consagrada na voz de Caetano Veloso.
Enfim, o universo de
filósofos que viraram sambistas, ou de sambistas que aprenderam muito cedo a
filosofar, é imenso e capaz de preencher um capítulo à parte na história da música
popular brasileira.
Como eu adoro Filosofia
e sou apaixonado pelo Samba, acho essa mistura salutar.
Beleza, que é a canção brasileira! Vida longa pra ela e pros nossos compositores, instrumentistas e interpretes!
ResponderExcluirZecaBlog
ResponderExcluirVc. deve ser muito novo, porque "Mora na Filosofia" de Monsueto, foi consagrado na voz de MARLENE e não de Caetano Veloso. Caetano Veloso e Maria Bethania regravaram esse sucesso da cantora MARLENE, que foi uma das maiores intérpretes das músicas de Monsueto.
O leitor "Anônimo" tem razão, em parte. É bela a interpretação da cantora Marlene para a música Mora na Filosofia, de Monsueto. Caetano Veloso deu à canção uma roupagem nova, moderna. As duas, na minha modesta opinião, foram importantes para tornar essa música tão conhecida como ela é atualmente.
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