"Meus amigos, depois de longa luta pela vida,
Antonio José Waghabi Filho,
o Magro do MPB4, nos deixou. Com ele vai junto uma
parte considerável do vocal brasileiro. Com ele foi a minha música.”
Essa nota lacônica e triste, assinada pelo Aquiles, postada no site oficial de um dos melhores conjuntos vocais da história da música popular brasileira - o nosso querido MPB4 -, anunciou, no final da manhã de hoje, a morte, aos 68 anos de idade, do vocalista, arranjador, compositor e instrumentista Antonio José Waghabi Filho, o Magro.
Uma notícia que deixa triste todos os apreciadores da
boa música produzida no Brasil dos anos 60 até hoje. Magro começou sua
carreira justamente no ano de 1960, como vibrafonista (percussionista que toca
vibrafone, ou marimba). Mas, um ano antes, em Niterói, começou a estudar música
com professores do quilate de Eumir Deodato e Guerra Peixe (teoria musical), Isaac
Karabtchewsky (regência), Vilma Graça (solfejo) e, posteriormente, recebeu
orientações práticas de arranjos com Lindholpo Gaya.
Se olharmos esse currículo e todo o trabalho feito por
Magro nos 42 anos de sua carreira profissional, só nos resta lamentar
profundamente mais essa perda que acontece no mundo musical. É importante lembrar que, além de vibrafone, Magro também tocava clarineta, saxofone e percussão.
Magro,
Miltinho, Aquiles e Ruy Faria (em 2004, substituído por Dalmo Medeiros)
ajudaram a fazer a cabeça musical da nossa geração, não apenas pela beleza do conjunto vocal que formaram, mas também pelos arranjos interessantes e
criativos que fizeram para músicas como Roda Viva, de Chico Buarque, e
Lamentos, de Pixinguinha e Vinícius de Moraes, entre tantas outras.
Amigo é pra essas coisas é uma composição antológica e que atravessou gerações. Foi
composta pelo quarteto, mas tem a sensibilidade e a marca registrada dos arranjos
do Magro. O último CD do MPB4 é uma joia rara e uma despedida elegante, em alto
estilo, do formidável músico que foi Antonio José Waghabi Filho. O disco
recebeu o título delicioso de Contigo
Aprendi e traz regravações de boleros históricos, como Sabe Deus, Noites de Ronda, Sabor em Mim e Quiça, Quiça, Quiça, entre outros.
Confesso, amigos, que hoje estou de luto. Aliás,
estamos todos nós que acompanhamos passo a passo o trabalho maravilhoso do
conjunto MPB4. O consolo é colocar suas músicas pra tocar e depois tentar
dormir. Ao acordar amanhã, quem sabe, poderemos dizer assim: graças a Deus, tudo não
passou de um pesadelo!
Afinal, o sonho não acabou, nem acabará, enquanto sobreviver o talento.
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