domingo, 2 de junho de 2013

Carros e motos levam o caos a Goiânia - cidade vai parar


Toda vez que eu vou a Goiânia volto com a sensação de que qualquer dia a cidade vai parar em definitivo. O caótico trânsito da cidade tornou-se um problema sério e sem qualquer perspectiva de solução em médio prazo. A capital de Goiás já deveria estar executando um projeto de implantação de metrô ou de veículo leve sobre trilho, acompanhado de uma melhoria substancial no sistema de transporte público por meio dos ônibus. Mas, nada disso está em andamento ou mesmo em discussão.
Goiânia tem do ponto de vista proporcional a maior frota de veículos e o mais expressivo número de motocicletas nas ruas, em comparação com todas as capitais do Brasil. São mais de um milhão de veículos circulando, numa proporção de 1,2 carros por pessoa, e mais de 350 mil motocicletas nas ruas da cidade.
Estudo feito pelo Observatório das Metrópoles, com base em números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) constatou que, em dez anos, de 2001 a 2011, a frota de veículos em Goiânia aumentou mais de 100% e a de motocicletas simplesmente triplicou. As causas principais são o aumento do poder aquisitivo da população, os incentivos fiscais dados pelo Governo Federal e a facilidade de obtenção de créditos junto às instituições financeiras. Tudo isso estimulado por transporte público de baixa qualidade que não convida ninguém a deixar seu veículo em casa.
Soma-se à falta de planejamento claro e preciso para melhorar o sistema de transporte coletivo o fato de que, diante de um aumento dessa dimensão da frota de veículos e de motocicletas, é impossível viabilizar um projeto sem que se faça um redesenho amplo da cidade, o que teria um custo social muito alto.
Esse é um quadro nada desejável vivido pela população brasileira em todos os grandes centros urbanos. Mas, a situação em Goiânia é particularmente assustadora, pois está chegando a um ponto insuportável de forma rápida e sem que as autoridades apresentem uma solução planejada para a população. A cidade não tem um quilômetro sequer de metrô e terá que implantá-lo daqui pra frente a um custo altíssimo.
Exponho essa preocupação porque tenho uma grande admiração pela capital goiana, principalmente pelos seus valores culturais, pela vida noturna cheia de opções, bons restaurantes, ótimos barzinhos, e um povo bastante acolhedor. Goiânia não é uma cidade isolacionista como Brasília. Lá, quando você sai de casa, sente-se perto das pessoas. Elas estão ali, nas calçadas, nas praças e, quando os motoristas e motoqueiros permitem, também nas ruas.
Goiânia precisa acordar rápido para a gravidade dessa situação antes que, definitivamente, seja tarde. Aliás, já estamos bem perto do caos. Falta muito pouco para a cidade parar. Depois não adiantará ficar repetindo o refrão: “Goiânia parou! Parou por quê?”.
Parou por culpa de todos nós e não apenas pela incompetência e desinteresse das autoridades.




2 comentários:

  1. Que sirva de alerta!...Vou compartilhar, porque já estamos estupefatos com o trânsito emperrado da cidade, no presente, e em pânico com as perspectivas aterrorizantes do tráfego no futuro!! Goiânia segue o exemplo de São Paulo, no que ele tem de pior, e não é por acaso que muitas incorporadoras imobiliárias paulistas dominaram o mercado goianiense, contando com a facilidade de uma legislação que ignora o plano diretor e o impacto de trânsito da construção civil.

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  2. Rosangela Magalhaes de Almeida3 de junho de 2013 às 20:37

    Muito boa a reflexão. Sofro diariamente com este trânsito que piora a cada dia. De fato, não temos perspectiva de melhora a médio prazo. Falta a população acordar e cobrar do poder público. De fato, em breve vamos parar.

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