sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia dos Avós, de Santana e também Bodas de Crizo

Minha avó Naninha, Ana de Alencar Camapum, figura esquálida, pequena, de pouca visibilidade, não se enquadrava naquele exemplo clássico de vó.  Não era de nos agasalhar no colo, fazer gracinhas, dengos e outras peripécias que tanto entusiasmam as crianças. Mas gostava de presentear. Costumava aproximar-se de nós com um dinheirinho enrolado na mão, dizendo: “toma meu filho, pra comprar um refrigerante”.
Meu avô Toinho, Antônio Pereira Camapum, era mais pragmático. Convivi poucos anos com ele que era bem mais velho do que minha avó. Mas, o suficiente para aprender o lado prático da vida. Ensinou-me a fazer poupança, ganhar dinheiro vendendo laranja, pirulito, engraxando sapatos nas ruas. Dele era difícil conseguir algum trocado; o bolso da calça era muito fundo...
Ambos nos ensinaram a sermos caridosos, solidários e a fazer orações antes de dormir – rezar um Padre-Nosso, uma Ave-Maria e concluir, dizendo: “Com Deus me deito, com Deus me levanto, na graça de Deus, Espírito Santo”. Amém.
São lembranças que veem à memória neste dia 26 de julho, dos Avós e de Nossa Senhora Santana, padroeira de Uruaçu. É também a data do meu casamento com a Stela, que nesta noite chega aos 33 anos de vivência, convivência e sobrevivência. Estamos completando as Bodas de Crizo, ou Crizopata, pedra também conhecida como Crisólita, que, dizem, os egípcios chamavam de Topázio. Ela emitia radiações à noite. Os mineradores então marcavam o local e, no dia seguinte, voltavam para retirá-las.
Essa simbologia é interessante. Durante as Bodas de Crizo, o casamento emana uma luz diferente, radiante, em meio à escuridão dos tempos. O casal pode demarcar seu espaço, suas conquistas, seus sonhos, e depois reunir os frutos debaixo das Oliveiras, ao completar 34 anos de casados. 
Bom , essas pelo menos são as minhas conclusões, meras ilusões, mas o que seria da vida sem elas. Acrescento mais alguns versos ao poema escrito pela primeira vez quando completamos 31 anos de casados. Neste ritmo, vai acabar ficando maior do que Os Lusíadas...


O passar do tempo
José Carlos Camapum Barroso

O amor, quando faz
Trinta e alguns anos,
Deixa a concha
De madrepérola,
Pois, ao sair do papel,
Em plena lua de mel,
Enrolou-se no algodão.
Em meio a buquê de flores,
Fez-se duro como madeira
Entrelaçada de amores...

O sabor do açúcar trouxe
O perfume da papoula,
Que passou pelo barro
E foi virar cerâmica
(Sem quebrar a louça).
Ah... Todos esses anos...

Quantos desenganos
A envergar o aço,
A desafiar o abraço,
A rasgar seda, cetim.
O linho trouxe a renda
E as bodas viraram marfim.
No resplandecer do cristal,
A turmalina cor de rosa
Desaguou na turquesa...
Ao amor e sua beleza,
Juntou-se a maioridade.

O que fazer agora, então?
A água-marinha já não
Banha a mesma porcelana?
Resiste a louça, coberta
Em palha, guardada
Em opala, que desperta
O brilho fino da prata...

Ah... Como passam os anos...
Novos e novos desenganos
Trazem um cheiro de erva
Ao amor balzaquiano...
Tudo agora é pérola!
E a força do Nácar ajudou
A passar trinta e um anos.

Como não ficar sozinho...?
Entre anos e desenganos,
Vieram as Bodas de Pinho.
E nós, em nosso ninho,
A aguardar indecisos:
O que será meu Deus
Essa tal Bodas de Crizo?
Aos trinta e três anos...
Melhor seria “Bodas de Cristo”.

Os dias se passaram...
Agora podemos caminhar
Rumo às Oliveiras...
Símbolo da amizade,
Da paz e prosperidade.
Um ramo apenas bastará,
A nos encher de esperança.
Depois de tanta turbulência,
Teremos “terra à vista”.
Sinal que a vida continuará
A nos trazer conquistas.



3 comentários:

  1. Parabéns pela perseverança da união. Desejos de que o amor fale sempre mais alto e se imponha no seio de sua família. Abraços Selma

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  2. Parabéns ao casal amigo!Que Deus permaneça na vida de vocês e que na sombra das oliveiras vocês sejam sempre e mais felizes!Grande abraço!
    Rômulo e Solange

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  3. Amei, vc é ótimo e inspirador. Belas outras Bodas a esse casal tão romântico.

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