sexta-feira, 22 de maio de 2020

Aquele abraçaço virtual em pleno distanciamento social


Dia do Abraço em pleno distanciamento social, isolamentos e até lockdown, é uma página absolutamente nova na história das comemorações dessa data, desde que ela foi criada há 16 anos.


A comemoração surgiu a partir da iniciativa do australiano Juan Mann, que criou a campanha Free Hugs Campaign, em 2004, com o simples objetivo de distribuir abraços "gratuitos" pelas ruas de Sydney, capital da Austrália.

A opção nesse dia de hoje é o abraço virtual. Nesses tempos modernos, de tanta tecnologia e avanços no campo da comunicação, o mundo virtual ficou bem mais próximo do real.

Mas, nada como o abraço presencial, sentir o calor de quem abraça, a intensidade do ato e o aconchego. O poeta Mário Quintana fez uma comparação interessante entre o abraço e o laço. Disse ele:

“Meu Deus! Como é engraçado! 
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço… 
Uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não se embola, 
vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração,
tudo isso cercado de braço.”

O que o ZecaBlog deseja a todos nessa data é um Abraçaço, como diria Caetano Veloso, ou Aquele Abraço do maravilhoso Gilberto Gil. E no plano da poesia, o soneto do amigo, poeta e desembargador Itaney Campos, dedicado ao seu neto Lauro, ambos isolados e separados pela pandemia.

Ventania
(Para Lauro)
Itaney Campos

Nesse drama diário, o que mais pesa
É a falta do abraço, e essa distância
Incontornável; ver ao longe a infância
Do meu neto fluir, longe da  mesa

Familiar; corre o tempo voraz
Faça sol, caia a chuva, venha o dia
Com seu remorso, dor ou parca alegria
Nossa voz, nesse vento , se desfaz!

Ver correndo o menino pela casa
É o que retém a vida dos avós:
Nos sons dos seus passos, sua alegria!

Por isso que em tempos de ventania
Atroz, cala-se mais precoce a voz
Daqueles cujo passo mais se atrasa...


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