“Minha pátria é a língua portuguesa”, disse Fernando Pessoa, um dos maiores poetas de todos os tempos da literatura mundial. Na verdade, ela é a nossa pátria. A de todos aqueles que moram além de Portugal. Nós brasileiros, também os povos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, todos, fazemos parte, orgulhosamente, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Hoje, esses povos
comemoram o Dia Nacional da Língua Portuguesa, criado em 5 de maio de 2009, em
Cabo Verde. A data foi escolhida em virtude do nascimento de Rui Barbosa,
escritor e político brasileiros que se dedicou profundamente ao estuda da
língua.
Nesta data, os países lusófonos costumam fazer celebrações, comemorações, atividades culturais com o objetivo de valorizar a língua portuguesa. Este ano, por causa da pandemia da Covid-19, não serão realizados encontros de professores, conferências, apresentações de peças teatrais, filmes e recitação pública de poesias.
Youtube do Camões
(https://www.youtube.com/user/institutocamoes)
traz muitas opções para esta data. Tem também agendas culturais de realizações em
países de língua portuguesa. A solução, nesse tempo de distanciamento social, é
buscar o universos das redes sociais, transmissões on-line e outras
possibilidades.
Aqui no blog, seguem algumas contribuições para serem apreciadas pelos amigos e amigas nesta data tão significativa para nossa língua mãe. Um poema de Olavo Bilac sobre a flor do Lácio; poemas de Camões e de Fernando Pessoa sobre o amor; Cesária Évora e sua belíssima voz; por último, um vídeo com um soneto desse blogueiro em homenagem a Portugal.
Língua Portuguesa
Olavo Bilac
“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela
Amo-se assim, desconhecida e obscura
Tuba de algo clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Tuba de algo clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!”
Luís de Camões
Quem diz que Amor é falso ou
enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão
desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é
piedoso.
Quem o contrário diz não seja
crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses,
odioso.
Se males faz Amor em mim se
vêem;
Em mim mostrando todo o seu
rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto
podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não
trocaria.
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