sábado, 30 de maio de 2020

Covid-19 leva também o talento de Evaldo Gouveia


Quem nunca se emocionou profundamente ao ouvir músicas de Evaldo Gouveia e Jair Amorim? Quem, ao se sentir pra baixo, nunca foi buscar conforto e acalanto nas belas letras e melodias de Evaldo Gouveia? Infelizmente, esse cearense de Óros, deixou-nos na noite desta sexta-feira (29/05), aos 91 anos de idade, vítima da Covid-19.

Compositor de 1.200 música e tendo gravado mais de 700 canções, ele foi interpretado por cantores consagrados como Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Alaíde Costa, Jair Rodrigues e Maysa Monjardim, entre tantos outros. Também fez parte do lendário Trio Nagô, ao lado de Mário Alves e Epaminondas Souza.

Evaldo Gouveia é uma página em destaque no cenário de belas melodias e letras do cenário musical brasileiro, como Alguém Me Disse, O Trovador, Sentimental Demais, Brigas, O Conde, O Que Queres Tu de Mim e o clássico samba de enredo O Mundo Melhor de Pixinguinha, entre inúmeras outras.


Sua presença e conquistas em disputas por sambas na Portela geraram ciúmes, críticas e até mesmo algumas manifestações mais radicais contra o compositor. Em resposta, Evaldo Gouveia compôs um belíssimo samba chamado Perdão, Portela: Me perdoa Portela querida / se um dia na vida tentei te exaltar / se meu samba sem nada de novo / na rua esse povo, botou pra cantar / me perdoa eu não ter as raízes / raízes que dizem que devo portar...

Natural de Orós (CE), Evaldo nasceu no dia 8 de agosto de 1928 e tinha a memória identificada com o município de Iguatu (CE), para onde a família do artista se mudou quando ele tinha apenas três meses de idade. O compositor é referência da MPB da era do rádio, período que teve seu auge nas décadas de 1940 e 1950 no Brasil.

consagração no Rio de Janeiro teve sua base, no fim da década de 1940, na reputação de Evaldo Gouveia pelo circuito de bares de Fortaleza e pelas premiações em programas de calouros da extinta Ceará Rádio Clube. Foi depois dessa fase que o cearense ajudou a fundar o Trio Nagô. Com o grupo, trilhou um amplo circuito de shows.


O trio fez sucesso no programa do radialista César de Alencar (uma espécie de "Faustão" do rádio), na Rádio Nacional (RJ). Nelson Gonçalves deu fôlego à repercussão de "Deixe que ela se vá", música do Nagô. E nasceram, neste período da primeira metade da década de 1950, composições como "Somos Iguais", "Serenata da Chuva" e "Sentimental Demais".

Em outros palavras, hoje é um dia muito triste para a música brasileira. Perdemos um grande compositor, um letrista refinado, que fez o Brasil cantar boleros, sambas-canções, sambas de enredos, com amor e paixão. Evaldo Gouveia deixa saudades, mas, também, um legado artístico que merece ser exaltado, preservado e divulgado amplamente.

Descanse em paz, grande mestre e um exemplo de artista para todos da nossa e das futuras gerações.



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