quarta-feira, 27 de maio de 2020

Desmatamento cresce 27% na Mata Atlântica - comemorar?


O que comemorar neste dia dedicado à Mata Atlântica? Não há muito. Mas existem razões de sobra para usarmos essa data no levantamento de bandeiras de luta. A mais relevante é contra a destruição do pouco que resta desse patrimônio do Brasil e do mundo.

A origem dessa comemoração do Dia Nacional da Mata Atlântica é uma página curiosa da nossa história. Foi no dia 27 de maio de 1560 que o Padre Anchieta assinou a Carta de São Vicente, documento em que descreveu, pela primeira vez, a biodiversidade das florestas tropicais nas Américas, entre elas a homenageada de hoje.


Não há muito a comemorar quando o desmatamento, entre 2018 e 2019, cresceu cerca de 27% em comparação com o período anterior, segundo dados da ONG SOS Mata Atlântica. O aumento da destruição no bioma, que já é o mais devastado no país – com apenas 12% de mata – acompanhou a devastação ampla na Amazônia e no cerrado durante o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (sem partido).

A ONG alerta que o desmatamento de 14.502 hectares registrado mais uma vez está concentrado na Bahia, em Minas Gerais (nos limites com o cerrado) e no Paraná (em regiões com araucárias), com aumento, respectivamente, de 78%, 47% e 35% na destruição.


Mas, há algo a se comemorar. Estados como Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo conseguiram atingir o desmatamento zero (abaixo de 3 hectares).

É importante lembrar que a Mata Atlântica abrange as maiores cidades e regiões metropolitanas do Brasil. Nela, moram mais de 145 milhões de pessoas. Mais de 80% da produção econômica nacional é gerada nessa região, considerada o centro socioeconômico do país. Uma população relevante depende da preservação desse bioma para continuar tendo abastecimento regular de água. A vegetação remanescente, no entanto, ocupa cerca de 29% da área de cobertura vegetal original do bioma.


Não podemos esquecer das palavras do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na fatídica reunião de 22 de maio, no 3º andar do Palácio do Planalto, de que é preciso aproveitar o momento em que a imprensa está concentrada na pandemia da Covid-19 para tocar “os projetos infralegais” relacionados ao Iphan, ao Meio Ambiente e à Agricultura. O ministro sugere que os outros colegas do governo devem aproveitar o momento pra fazer passar a boiada.

Lutar pelo meio ambiente, pela floresta amazônica e pela mata Atlântica é um dever de todos os brasileiros. É lutar pela nossa sobrevivência, nossa existência.

Isso é cultura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário