terça-feira, 31 de maio de 2011

Alemanha abandona energia nuclear. O Brasil patina


A Alemanha vai manter usinas de carvão (foto) e de gás natural, investir em...

...energia renovável e acabar com as usinas nucleares (foto) até o ano de 2022
Este blog tem insistido na importância de uma profunda discussão sobre o tema energia nuclear, particularmente depois do acidente de Fukushima, no Japão, país que já anunciou ao mundo sua intenção de desistir de novos projetos nucleares (veja matéria aqui). Agora a Alemanha decidiu desativar todas as usinas de energia nuclear até 2022, consolidando a chamada “virada energética” por ser o primeiro país industrial a tomar tal decisão.
Cerca de 22% da energia produzida na Alemanha hoje vem de usinas nucleares. O plano anunciado pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, prevê que o país dobrará suas fontes renováveis, passando para 35% da sua produção. O restante continuará vindo de fontes como o carvão e o gás natural. O carvão preocupa os alemães por seu alto grau de emissão de CO2 na atmosfera, o que coloca em risco metas internacionais. Mas, o gás natural é uma opção melhor e possível de ser combinada com energia renovável.
A decisão alemã, mais radical do que o esperado, é histórica, e vem depois do anúncio japonês de acabar com seus planos de expansão nuclear. Também Suíça e Bélgica tomaram decisão semelhante à da Alemanha. Nos Estados Unidos, o início da construção de dois reatores foi simplesmente cancelado.
Enquanto isso o Brasil, como esse blog tem sistematicamente insistido, disse apenas que reavaliará a segurança dos reatores e os planos de expansão. Mas a usina nuclear de Angra III continua em construção e os planos para mais quatro usinas nucleares, ao longo do Rio São Francisco, ainda não foram descartados.
O Brasil tem um potencial invejável de recursos hídricos e biomassa, portanto, em condição de liderar esse processo de revolução energética, mas, por enquanto, está preferindo ficar na contramão. A presidente Dilma Roussef, que foi ministra da Energia no governo passado, tem na questão energética um caminho para consolidar seu estilo próprio de governo, afastando-se assim da sombra do ex-presidente Lula.
Técnicos favoráveis à continuidade dos investimentos em energia nuclear argumentam que o Brasil tem a maior reserva de urânio do mundo e reconhecido conhecimento tecnológico nessa área, o que nos daria a condição de não poder descartar a energia nuclear. Ora, o risco que corremos, depois de todas as decisões que estão sendo anunciadas mundo afora, é o de fazer pesados investimentos em uma opção tecnológica que, talvez, não tenha mais futuro. Isso sem falar dos riscos de uma tragédia nuclear semelhante à que ocorreu no Japão (veja matéria aqui).
No mínimo, no mínimo, o Brasil precisa abrir e estimular esse debate, rapidamente. Não podemos continuar preocupados apenas com os interesses de investidores que apostaram na opção nuclear. O que deve prevalecer é o interesse nacional. E isso, por enquanto, não está acontecendo.

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