sexta-feira, 8 de julho de 2011

O milagre e a tentação dos pães através dos tempos

Eu sou do tempo - quando era criança, claro - em que as famílias recebiam, de madrugada, o pão nosso de cada dia em casa. O morador deixava pendurado na porta, ou no portão, uma sacola de pano. O padeiro passava e deixava o pão quentinho, fresquinho e cheiroso – mais saboroso impossível.
De vez em quando não resistíamos à tentação e tomávamos emprestado um desses produtos. Principalmente quando acordávamos bem cedo para nossas aulas de educação física. Depois, era só confessar para o padre, fazíamos a penitência devida e ficava tudo bem. Não era pecado mortal.
Na adolescência, na pequena Uruaçu de muitas noitadas e serestas, cultivávamos o hábito de fechar a noite passando por uma padaria (na realidade, uma casa ou um local de fazer pães, que depois eram distribuídos pelas residências, bares e restaurantes). Pegávamos aquele pão quentinho e lambrecávamo-no de manteiga, que derretia... Huuuuum, que delícia! Bom demais!
Lembrei disso por que hoje é dia de Santa Isabel, que se tornou a padroeira dos padeiros e das panificadoras a partir de um milagre, que teria ocorrido no ano de 1333, em Portugal (veja um resumo da história abaixo). 
Hoje é comemorado em todo o mundo o Dia do Padeiro. O pão está associado à história da humanidade. É o maior alimento dos homens há mais de dois mil anos. Está também associado ao milagre dos pães, feito por Jesus. Tem muito a ver, principalmente, com a luta contra a fome dos mais humildes. E por consequência é também associado ao trabalho, às idéias e à liberdade dos povos. Uma música bastante simbólica é Artigo 26, postada abaixo, composição de Ednardo e cantada por ele e pelo Pessoal do Ceará.
Além de tudo isso, o pão é um alimento saboroso e combina com diversos tipos de comida. Não acredito em café da manhã sem pão. Pode ter tudo, frutas, cereais, salsichas, bacon, sucos, leite, café, mas se não tiver pão, de preferência quentinho... não é café da manhã.
Parabéns aos padeiros e a todos que se dedicam à arte de fazer pão.


O dia em que pães viraram rosas
A história da padroeira dos panificadores, Santa Isabel, vem de Portugal. Conta-se que em 1333, houve uma fome terrível naquele país; nem os ricos foram poupados. Dona Isabel, uma rainha muito virtuosa, casada com o rei Dom Diniz, empenhou suas jóias e mandou vir trigo de lugares distantes para abastecer o celeiro real, mantendo, dessa forma, seu costume de distribuir pães aos pobres durante as crises. Sua caridade, porém era anônima; nem o rei sabia dessa atividade. Num desses dias de distribuição, o rei apareceu, inesperadamente, e a rainha, temendo a censura do marido, escondeu os pães nas dobras do avental. O rei percebeu o gesto, e perguntou, surpreso:
- Que tendes em vosso avental? 
A rainha, erguendo o pensamento ao Senhor, disse em voz trêmula: 
- São rosas, senhor. 
O rei replicou: 
- Rosas em janeiro? Deixai que eu as veja e aspire seu perfume. 
Santa Isabel abriu o avental e, no chão, para espanto geral, caíram rosas frescas, perfumadas, as mais belas até então vistas.
D. Diniz não se conteve e beijou as mãos da esposa, retirando-se enquanto os pobres gritavam: "Milagre, milagre!".
Por essa razão, o Dia do Padeiro (ou panificador) é comemorado no mesmo dia de Santa Isabel.


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