quinta-feira, 18 de agosto de 2011

João Bosco, suave e técnico, sem perder a emoção


O disco novo de João Bosco é tudo do universo sonoro que ele sempre nos propiciou, com seu talento, sua sensibilidade musical de intérprete, compositor e instrumentista. Voltou a compor a dupla irretocável que, durante muitos anos, fez com Aldir Blanc, letrista de refinada percepção musical, mas não deixou de lado seu parceiro e filho Francisco Bosco. Pelo contrário, cinco canções da dupla no novo CD revelam uma evolução significativa.
João Bosco mostra um domínio pleno, impressionante, da técnica que lhe deu o título de um dos grandes violonistas da escola brasileira, tão bem representada por João Gilberto, Baden Powel, Rafael Rabelo e Luiz Bonfá – aqui em Brasília ainda temos o Gamela, professor de tantos talentos da música brasileira.
João Bosco esbanja criatividade ao cantar com surpreendente suavidade, sem perder sua capacidade de malabarista da voz, mas sem abusar dos improvisos e colocando emoção na dose certa.
Brinca com as palavras e com o fraseado na canção Jimbo no Jazz, que compôs com Nei Lopes. Na canção Navalha, supera todas as expectativas que foram criadas para o retorno da dupla de compositores João Bosco e Aldir Blanc. As duas estão postadas abaixo. Peço atenção especial para o contraponto do violão de Ricardo Silveira, em Navalha.
O CD “Não vou pro céu mas já não vivo no chão” é mais uma comprovação do que eu venho dizendo neste blog: a música e os músicos brasileiros de qualidade estão de volta. Nos últimos anos, compositores e cantores de talentos também surgiram na nossa MPB, a exemplo de Teresa Cristina, para ficar apenas em  um exemplo.
A música brasileira vive e sobrevive, enriquecida, fortalecida pelas influências diversas, sem preconceitos e sem perder suas origens culturais. João Bosco mostra isso e muito mais, com gosto do barroco mineiro, de influências do jazz e das nossas raízes africanas. O disco é realmente lindo, suave, técnico, sem perder a emoção. Jamais!
 
 




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