sábado, 13 de agosto de 2011

O Dia Nacional das Artes. Com muito orgulho!


O dramaturgo e poeta alemão Berthold Brecht é autor de frases lapidares sobre os mais diversos assuntos. Uma delas nos chama a atenção pela sua profundidade e merece ser resgatada por ter sido ontem o Dia Nacional das Artes. Não passou despercebido. Comecei a escrever este texto, mas não pude continuar por absoluta falta de tempo. Segue hoje, com as devidas desculpas aos amigos.

Com a propriedade de sempre, disse o dramaturgo alemão: “Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes: a arte de viver”. O que são as nossas manifestações artísticas – literatura, artes plásticas, teatro, cinema, música – senão uma forma de buscarmos sentido para a vida.
A arte é expressão de um povo, de uma época, de um pensamento, utilizando a beleza da subjetividade, dos eufemismos, dos diferentes recursos das inúmeras formas de comunicação, com sutileza, engenho e criatividade. Isso tudo com o objetivo de se fazer entender e de dar um sentido maior para a vida.
Este blog, nos seus quase cinco meses de existência, tem procurado valorizar as diversas manifestações artísticas do povo brasileiro, sem deixar de ressaltar os trabalhos de artistas de outros povos e as diferentes correlações entre aquelas e a nossa cultura. As influências que recebemos dos colonizadores portugueses, dos negros africanos, da cultura indígena, dos imigrantes de diversas regiões do mundo e dos nossos vizinhos latino-americanos, deram-nos essa riqueza cultural e artística de que tanto nos orgulhamos.
Orgulhamos-nos, sim, de artistas plásticos como Cândido Portinari (ao lado), Tarsila do Amaral, Hélio Oiticica, Iberê Camargo, Jean-Baptiste Debret, Lasar Segall, Carlos Scliar, Sirón Franco e tantos outros. Nosso teatro que começou com o padre José de Anchieta, passando pelo talento do ator João Caetano, Gonçalves de Magalhães, Martin Pena, que abriu as portas para a comédia de costumes, Cacilda Beker, Bibi Ferreira, José Celso Martinez, Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, Oduvaldo Viana Filho, Ariano Suassuna, Paulo Pontes e muitos outros.
Nosso cinema foi ousado com os diretores do cinema novo: Glauber Rocha, Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Nelson Pereira dos Santos, Walter Lima Júnior, Miguel Faria Júnior. Esteve decadente com a pornochanchada, mas reergueu-se nos últimos vintes anos a partir de filmes como Central do Brasil e Cidade de Deus, graças ao que ficou chamado de “retomada”.
Nossa música de Vilas Lobos, Carlos Gomes, Ernesto Nazaré, Pixinguinha, Tom Jobim, Radamés Gnattalli, Noel Rosa, Ari Barroso, Chico Buarque, Baden Powel, João Gilberto, Dorival Caymmi, Zequinha de Abreu, Cartola, Luiz Gonzaga...
A nossa literatura de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Manoel Antonio de Almeida, José de Alencar, Mário de Andrade, Oswaldo de Andrade... E dos nossos poetas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Mário Quintana, Augusto e Haroldo de Campos, Cora Coralina, Gregório de Matos...
A todos eles, e a muitos outros não citados, devemos a riqueza artística e cultural brasileira. Temos orgulho da nossa mistura de cores, sabores e ritmos.
Embora com um dia de atraso: Viva o Dia Nacional das Artes! Com poesia e música, claro, porque hoje é sábado!

Ah! Os Relógios 
Mário Quintana

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...


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