Muito me impressiona o talento de Luiz Melodia como intérprete. Seu timbre de voz é muito bonito, mas o que encanta mesmo é sua capacidade de brincar com a melodia, inventando no fraseado, criando um estilo próprio e cheio de suingue. Sempre me chamou a atenção esse seu jeito muito próprio de interpretar, desde que lançou o LP Pérola Negra, em 1973.
Depois, veio o “Festival Abertura”, da TV Globo, no ano de 1974, em que ele chegou à final com a música Ébano. A partir daí, foram diversos discos, com músicas de sua própria composição, mas também interpretações de outros compositores, sempre dando à canção uma roupagem muito pessoal.
Esse surgimento de Luiz Melodia no cenário musical coincide com o meu período de estudante de Comunicação, na Universidade de Brasília. Via o cantor e compositor como um jovem que desceu o morro de São Carlos, no bairro do Estácio, para enfrentar, desafiar e zombar da classe média carioca. Negro e pobre, tinha apenas o talento musical para vencer na vida. Soube usá-lo com maestria.
As interpretações de Luiz Melodia com outros cantores são, de um modo geral, impressionantes. A impressão é a de que ele consegue transmitir para o parceiro toda sua garra de intérprete, toda a paixão que coloca no seu canto.
Chamam-me a atenção particularmente seus vídeos ao lado de Elza Soares, Cássia Eller e Martinália. Nas três interpretações todos os artistas se superam, e o resultado é muito suingue, muita bossa e uma valorização inevitável das músicas escolhidas. Posto abaixo, os três vídeos para ajudar a fechar esse final de noite desta quarta-feira comprida.
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