quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Zé Kéti, a bela e eterna Voz do Morro, sim senhor...

Zé Kéti, quando morava em São Paulo, nessa obra-prima de Orlando Brito
Ninguém sabe quem é José Flores de Jesus. Mas Zé Kéti é bastante conhecido, principalmente pelos amantes da música popular brasileira. Foi um dos maiores sambistas brasileiros e a voz do morro mais respeitada e admirada no século passado. Assim como vários outros grandes sambistas, Zé Kéti também teve seu momento de ostracismo, perambulou por pensões, viveu de favores, teve derrame cerebral, mas seu talento foi reconhecido ainda em vida, nos anos 90.
O apelido Zé Kéti vem de “Zé Quieto” ou “Zé Quietinho” pela timidez dos anos de garoto e adolescente. Suas letras e músicas não eram tão comportadas assim. Pelo contrário, o compositor sempre teve uma visão social e política de vanguarda, progressista, mesmo nos duros anos da ditadura militar.
Seu primeiro grande sucesso foi justamente A Voz do Morro, em 1955, gravado por Jorge Goulart, com arranjos de Radamés Gnattali, e tema do filme Rio 40 Graus de Nelson Pereira do Santos. Em 1964, no primeiro ano da ditadura, participou do espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale e Nara Leão, com canções que ficariam famosas: Opinião e Diz Que Fui Por Aí.
Na década de 80, Zé Kéti morou em São Paulo, onde teve em 1987 o primeiro derrame. Só voltou ao Rio no ano de 1995 para morar com a irmã. Ali continuou compondo e recebeu diversas homenagens de cantores, compositores e da Portela, sua escola de samba. Conquistou, em 1998, o Prêmio Shell pelo conjunto de sua obra: mais de 200 músicas. Fez canções belíssimas, entre elas a obra-prima Acender as Velas.
Em janeiro de 1999, chegou a receber uma placa em homenagem aos seus 60 anos de carreira, mas a saúde era pouca. Morreria em novembro daquele ano vítima de falência múltipla de órgãos. Os morros cariocas fizeram silêncio para homenagear a mais potente e talentosa voz que sempre esteve afinada com os anseios daquela gente.
Zé Kéti é uma honra para a cultura brasileira, que hoje anda tão assolapada pelos Big Brothers da vida, por Michel Teló e outras dezenas de baboseiras que fazem sucesso e chegam a ser exportadas com o rótulo de produto brasileiro. Salvemos as nossas tradições, ainda há tempo!



Nenhum comentário:

Postar um comentário