Ao contrário dos textos que normalmente são publicados neste espaço – que sempre terminam com um vídeo ou um áudio de música, uma poesia etc. –, o desta quarta-feira de cinzas começa pela música maravilhosa que dá título a esta postagem. A interpretação é da genial e saudosa Maysa Matarazzo, ou simplesmente Maysa. É uma forma de homenagear os foliões e também de relembrar essa importante figura da nossa música popular.
O Carnaval passou e agora voltamos à realidade dura do dia-a-dia. Mas, o saldo, na minha modesta opinião, é extremamente positivo. Principalmente pela volta definitiva e consagrada do verdadeiro Carnaval de rua, embalado pelos blocos, bandinhas de música, marchinhas, frevos e samba, tudo isso cercado de muito colorido, fantasias, confetes e serpentinas.
Mas, como o momento é de cinzas, vêm à memória pessoas que nos deixaram e que tanto ajudaram a resgatar o verdadeiro Carnaval. Lembro um diálogo que tive lá pelo ano de 1999 ou 2000 – final do século e do milênio passado, por aí – com minha cunhada Vânia Daura, da comissão de frente de criação e organização do Bloco dos Amigos, que gerou o Carnaval dos Amigos, em Goiânia.
Querendo convencer a mim e à Stela para irmos passar o Carnaval em Jaraguá, Goiás, com toda a turma de bambas que depois se aglutinaria na criação do nosso bloco, ela argumentava:
- Vamos, vai ser maravilhoso! O Carnaval lá é bom demais, muito diferente...
- Diferente, como? – interrompi, perguntando cheio de suspeitas.
- A gente fica numa praça muito boa, grande... Um palco com muito som e bandas do Carnaval da Bahia, contratadas pela Prefeitura, fazem a festa.
Lembro, como se fosse hoje, que acrescentei, talvez por inspiração dos orixás, o que viria a ser uma grande verdade:
- Carnaval diferente vai ser quando as bandinhas voltarem pras ruas, tocando marchinhas e quando as festas de salões ou de rua passarem a valorizar o verdadeiro espírito carnavalesco, com músicas que dizem respeito a essa festa.
Pronto, sem querer, no calor de uma discussão bastante amigável, preconizei o que viria a acontecer nos dias de hoje, e que começou a brotar nos primeiros anos da década passada, no Rio de Janeiro e várias cidades brasileiras. Para se ter uma idéia, criamos o Carnaval dos Amigos, em Goiânia, no ano de 2003.
A verdade é que o Carnaval nos dias de hoje está recuperando o seu lado bom, ingênuo, descontraído e descompromissado. Está voltando a ter aquele espírito que o consagrou na primeira metade do século XX. Isso, felizmente, não é apenas saudosismo, já é uma realidade.
“Agora é cinza, tudo acabado e nada mais”, diz a canção do mestre Marçal e Bide. Mas, olhando realisticamente, nem tudo está acabado. O Carnaval renasceu das cinzas. É a Fênix do terceiro milênio. Este pode ser um bom tema para o Carnaval dos Amigos de 2013. Afinal, agora, só estão faltando 347 dias para a nossa festa do ano que vem... Esse número é cabalístico. No ano passado, escrevi um post quando faltavam exatamente essa mesma quantidade de dias para o Carnaval dos Amigos de 2012 (se quiser relembrar, é só clicar aqui).
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