quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Agora é cinza, tudo acabado e nada mais...


Ao contrário dos textos que normalmente são publicados neste espaço – que sempre terminam com um vídeo ou um áudio de música, uma poesia etc. –, o desta quarta-feira de cinzas começa pela música maravilhosa que dá título a esta postagem. A interpretação é da genial e saudosa Maysa Matarazzo, ou simplesmente Maysa. É uma forma de homenagear os foliões e também de relembrar essa importante figura da nossa música popular.
O Carnaval passou e agora voltamos à realidade dura do dia-a-dia. Mas, o saldo, na minha modesta opinião, é extremamente positivo. Principalmente pela volta definitiva e consagrada do verdadeiro Carnaval de rua, embalado pelos blocos, bandinhas de música, marchinhas, frevos e samba, tudo isso cercado de muito colorido, fantasias, confetes e serpentinas.
Mas, como o momento é de cinzas, vêm à memória pessoas que nos deixaram e que tanto ajudaram a resgatar o verdadeiro Carnaval. Lembro um diálogo que tive lá pelo ano de 1999 ou 2000 – final do século e do milênio passado, por aí – com minha cunhada Vânia Daura, da comissão de frente de criação e organização do Bloco dos Amigos, que gerou o Carnaval dos Amigos, em Goiânia.
Querendo convencer a mim e à Stela para irmos passar o Carnaval em Jaraguá, Goiás, com toda a turma de bambas que depois se aglutinaria na criação do nosso bloco, ela argumentava:
- Vamos, vai ser maravilhoso! O Carnaval lá é bom demais, muito diferente...
- Diferente, como? – interrompi, perguntando cheio de suspeitas.
- A gente fica numa praça muito boa, grande... Um palco com muito som e bandas do Carnaval da Bahia, contratadas pela Prefeitura, fazem a festa.
- Diferente? Isso não tem nada de diferente! Todas as cidades do interior do Brasil importam esse Carnaval chinfrim de música baiana, que na realidade não tem nada de Carnaval... Pode até ser uma boa festa, alegre, divertida... Mas não é Carnaval.
Lembro, como se fosse hoje, que acrescentei, talvez por inspiração dos orixás, o que viria a ser uma grande verdade:
- Carnaval diferente vai ser quando as bandinhas voltarem pras ruas, tocando marchinhas e quando as festas de salões ou de rua passarem a valorizar o verdadeiro espírito carnavalesco, com músicas que dizem respeito a essa festa.
Pronto, sem querer, no calor de uma discussão bastante amigável, preconizei o que viria a acontecer nos dias de hoje, e que começou a brotar nos primeiros anos da década passada, no Rio de Janeiro e várias cidades brasileiras. Para se ter uma idéia, criamos o Carnaval dos Amigos, em Goiânia, no ano de 2003.
A verdade é que o Carnaval nos dias de hoje está recuperando o seu lado bom, ingênuo, descontraído e descompromissado. Está voltando a ter aquele espírito que o consagrou na primeira metade do século XX. Isso, felizmente, não é apenas saudosismo, já é uma realidade.
“Agora é cinza, tudo acabado e nada mais”, diz a canção do mestre Marçal e Bide. Mas, olhando realisticamente, nem tudo está acabado. O Carnaval renasceu das cinzas. É a Fênix do terceiro milênio. Este pode ser um bom tema para o Carnaval dos Amigos de 2013. Afinal, agora, só estão faltando 347 dias para a nossa festa do ano que vem... Esse número é cabalístico. No ano passado, escrevi um post quando faltavam exatamente essa mesma quantidade de dias para o Carnaval dos Amigos de 2012 (se quiser relembrar, é só clicar aqui).

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