segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Crise faz Portugal cassar o feriado da terça de Carnaval

Foliões portugueses continuam saindo às ruas, mas perderam o feriado
Este blog já fez vários alertas para os riscos que corriam (e correm) os setores culturais, em todo o mundo, em função da crise econômica da Europa, ironicamente chamada de crise da dívida soberana (para ler sobre isso clique aqui e aqui). Que soberania é essa, cara pálida, que agora dá ao governo português o direito de acabar com o feriado da terça-feira de Carnaval, sob o argumento de que “não estamos em tempo de falar de tradições”, como afirmou o primeiro ministro Pedro Passo Coelho?
Como se não bastasse, comunidades portuguesas estão preocupadas com o risco de queda no ensino da língua portuguesa no exterior. Nossos patrícios cortaram 50 postos de professores no final do ano passado, o que vai repercutir fortemente este ano. Os conselheiros das comunidades na Bélgica e na França já lançaram seus protestos.
A Grécia está explodindo em reações populares de todas as naturezas. As atividades culturais, em que os cortes e as mazelas chegam primeiro, já estão pagando o preço da crise (para ler texto anterior, clique aqui). O Museu Arqueológico de Olímpia foi saqueado por vândalos na sexta-feira passada, o que levou o ministro da Cultura a pedir demissão. Os bandidos teriam levado entre 60 e 70 peças em cerâmica e bronze da coleção de História dos Jogos Olímpicos da Antiquidade.
Museu dos Jogos Olímpicos vítima de vandalismo
As autoridades gregas informaram que pelo menos dois homens estavam armados entre os que invadiram o Museu, renderam o único guarda que fazia segurança e levaram as peças raríssimas. Agora, imaginem se alguém invade com tanta facilidade os cofres dos bancos onde estão os títulos da dívida soberana...?
No caso de Portugal, a origem da nossa música e da folia carnavalesca vem de lá. As primeiras danças carnavalescas cariocas foram influenciadas pelo tradicional Zé Pereira, que é de orgiem portuguesa. A partir das músicas de carnaval, começaram as surgir as marchinhas, carregadas de ironia e de críticas ao cotidiano das pessoas. Chiquinha Gonzaga foi nossa pioneira nesse quesito (para entender essa evolução, ouçam o corta-jaca Gaúcho e a marchinha Abre Alas, ambas de Chiquinha).
Ao contrário de Portugal, aqui no Brasil, felizmente, o feriado continua garantido e o ponto facultativo vai até o meio-dia da quarta-feira de cinzas. E o nosso Carnaval ganhou em qualidade, com a volta dos blocos de marchinhas, frevos e samba. Mas isso é outra história, depois eu conto...



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