terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Jacob do Bandolim, um dos maiores talentos da nossa música

Jacob descobriu Elizeth Cardoso e fez com ela um show inesquecível
Jacob do Bandolim nas comemorações dos 70 anos de Pixinguinha
Jacob Pick Bittencourt é sem dúvida um dos maiores instrumentistas da música popular brasileira. Tanto que ao seu nome foi incorporado o do instrumento que ele consagrou e tornou respeitado em todo o Brasil. Passou a ser conhecido e admirado como Jacob do Bandolim. Um carioca da gema, que nasceu nas Laranjeiras, viveu a infância na Lapa e o resto de sua vida em Jacarepaguá, onde reunia frequentemente os amigos para tocar.
Seu nome está associado aos primórdios do choro. Mais exatamente ao período em que o choro deixou de ser apenas um jeito de se tocar uma valsa ou uma polca para adquirir sua linguagem própria. Isso aconteceu de forma mais efetiva na segunda década do século XX, quando Jacob ainda era criança, mas já deixava transparecer seu talento musical.
Jacob do Bandolim nasceu no dia 14 de fevereiro de 1918. Hoje estaria completando 94 anos de idade se não tivesse nos deixado ainda novo, com apenas 51 anos de idade, vítima de um enfarte. Morreu em sua casa, em Jacarepaguá, onde realizou tantos e tão famosos saraus, nos braços de sua mulher Adylia, no início da noite, depois de ter passado a tarde tocando e conversando com Pixinguinha.
Demonstrou aptidões musicais ainda muito cedo. Fez um contracanto no coro do Hino Nacional, mas, por essa indisciplina, foi punido, ficando de castigo até o final das aulas daquele dia. Seus colegas de escola se divertiam com os sons que ele tirava de uma velha gaita. Seu primeiro instrumento foi um violino, que ele tocava de forma especial por não ter tido uma instrução adequada para tocá-lo: traduzia valsas e canções da época num particular pizzicato, que fazia com a ajuda dos grampos de cabelo de sua mãe.
Por sugestão de uma amiga de sua mãe, optou pelo bandolim – instrumento que abraçaria pelo resto de sua vida (veja ilustração ao lado). Começou a tocar choro dentro dos padrões da época: o bandolim fazia parte do acompanhamento, como centro, dentro de uma harmonia própria, mas sem executar solos. Nessa fase, ganhou concursos, tocou em programas de rádio e conduziu o grupo Jacob e Sua Gente, que acompanhava os cantores da Rádio Guanabara, inclusive Noel Rosa.
Graças ao seu virtuosismo, Jacob iria quebrar a barreira imposta ao bandolim, que tradicionalmente, desde as modinhas e os lundus, sempre serviu para o acompanhamento. Nesse contexto, participou inclusive da gravação memorável do clássico Ai, que saudades da Amélia, no ano de 1942. Mas, foi somente num bolachão de 78 rpm, em 1947, gravado pela Continental, que Jacob do Bandolim mostraria todo seu talento para o solo com a música Treme-treme.
O sucesso absoluto viria com a gravação do choro Flamengo, no segundo disco, também gravado pela Continental, acompanhado pelo Regional do César, comandado por Benedito César Ramos de Faria. Esse disco chegou a vender 100 mil cópias, quantidade impensável para a época.
Pronto. O bandolim estava definitivamente talhado para o solo, não apenas no choro, mas também em valsas, sambas, frevos, baiões... Jacob mostrou daí pra frente, nos poucos anos em que ainda viveu, toda sua capacidade musical, esbanjando talento e criatividade. Em 1968, um ano antes da sua morte, com Zimbo Trio e o conjunto Época de Ouro, propiciou ao público brasileiro um dos mais belos espetáculos da história da MPB, quando acompanhou o show da divina Elizeth Cardoso, que seria reproduzido em dois discos. 
No primeiro vídeo abaixo, Elizeth interpreta a belíssima canção Jamais, de Jacob do Bandolim e Luiz Bittencourt. No outro vídeo, a magistral interpretação de Jacob para a sua música Vibrações.
O que fez Jacob com o Bandolim, Waldir Azevedo iria seguir o mesmo caminho com o cavaquinho... Mas, isso é outra história, depois eu conto.


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