Depois que postei aqui, no domingo de Carnaval, o texto sobre o fim do feriado de terça-feira em Portugal, como medida de governo para enfrentar a crise econômico-financeira, descobri, no blog do advogado português José António Barreiros, um texto muito interessante sobre o mesmo assunto. Reproduzo, abaixo, a parte final do artigo, pela sua plena identificação com o que escrevi no post anterior. Quem quiser ler o texto completo do advogado português é só clicar aqui. É muito interessante e bastante criativo. Confiram:
“Uma coisa é certa: o Carnaval, na sua simbologia popular, é o tempo da descarga emocional, do gozo público e da chacota consentida, dos cabeçudos que são a cara de políticos, o tempo em que o comum cidadão afivela outra máscara que a quotidiana, tempo de malfeitorias que esvaziam os sentimentos contidos de raiva, o alho-porro, os esguichos na cara, os "traques" fétidos, o foguetório alucinante.
Terra gélida e chuvosa por essa altura escasseia em Portugal a lúbrica nudez, falta-nos o ambíguo travestismo carnudo, rareiam as partes púdicas cobertas de luzentes estrelinhas o resto ao léu, são poucos os matulões emplumados, possantes e bamboleantes, como no Brasil meu Brasil brasileiro, terra de calor.
O nosso Carnaval costuma cheirar a gato-pingado. Este ano, por exigências da governação, vai ser doméstico, no lugar de trabalho, imagina-se com que rentabilidade e boa-disposição.
Auguro que o Silva chefe de secção vai levar no bolso uma mão-cheia de "confetis", o Sousa amanuense uma pistola de água tintada de vermelho para acertar nas rotundidades aparentes da Ifigénia da tesouraria, até descobrir, tarde de mais, que eram os postiços do Marques do arquivo, disfarçado sob loira cabeleira. Línguas de sogra, serpentinas darão a cor, garrafinhas de mau-cheiro o odor. Longínquo, frio, o senhor director-geral reportará a Sexa, ministro a ampla adesão dos seus dependentes à nova política dos sem-festa. Este e todos os colegas do Governo comunicarão a Sexa, o primeiro-ministro para que Frau Merkel o saiba.
No meio de cinzas, o Rei Momo está morto e enterrado.
Cuidado, porém: foi assim que o actual PR começou o seu declínio. Aos Portugueses podem tirar-lhes tudo menos o direito constitucional à risota, a garantia fundamental da gargalhada.”
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