quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fabiana Cozza e a beleza do samba de uma paulistana

Já escrevi por aqui algumas mal traçadas linhas sobre o samba paulista. Falei de Paulo Vanzolini, Adoniran Barbosa, Jorge Costa e Geraldo Filme e tudo o que gira e girou em torno desse pessoal de talento a toda prova. Hoje, ainda embalado pelo espírito carnavalesco do mês de fevereiro, lembrei de Fabiana Cozza, uma paulistana da gema, com muito samba no pé, suingue na voz e dramaticidades nas apresentações de palco.
Fabiana é filha de uma italiana com o mulato Oswaldo Santos, sambista, puxador de Samba da Camisa Verde e Branca, que conquistou quatro títulos do desfile de escolas de samba de São Paulo, na década de 70, justamente no período em que nasceria a filha do casal, mas exatamente em 1976, quando a escola foi bicampeã.
Fabiana Cozza já gravou três CDs. O primeiro em 2004, com o nome majestoso e significativo de “O samba é meu dom”. Três anos depois, em 2007, lançou “Quando o céu clarear” e, no ano seguinte, um DVD sobre esse mesmo trabalho. O terceiro disco, com o nome da cantora, foi lançado em novembro do ano passado, recebendo, com muita razão, elogios da crítica e do público.
Fabiana tem uma voz belíssima, com um balanço que herdou do pai, muita personalidade e encara o trabalho com seriedade. Arrisco a dizer que é uma das mais belas vozes surgidas no Brasil nas duas últimas décadas. Tem um timbre especial e coloca a voz com muita precisão.
Sobre sua formação, ela deu essa declaração à TV Globo: “Eu fui me entender como artista através do samba. Eu cantei as dores de amor pelo samba, eu cantei o cotidiano pelo samba, a violência, a desigualdade social através do samba. Eu vou para muitos lugares do mundo e o que eu levo é o tambor. Eu não levo outra coisa. Eu levo minha história”.
Foto de Alexandre Rezende - Folhapress
Isso diz tudo. Ela tem orgulho de suas raízes, da velha guarda de sua escola e do samba, que é a sua grande paixão. Canta com seu pai, dança com antigas passistas, faz coro com a velha guarda e diz que aprendeu tudo que sabe com eles.
Ao mesmo tempo, Fabiana faz sucesso lá fora, cantando jazz, fazendo shows com personalidades internacionais, como os saxofonistas Sadao Watanabe (Japão) e Eli Degibri (Israel) e o trompetista cubano Julio Padrón, entre outros.
De 2009 pra cá, ela ampliou sua forma de cantar. Aceitou e cumpriu dois desafios. O primeiro foi o da Orquestra Jazz Sinfônica para cantar Edith Piaf. Depois, entusiasmada com essa experiência, subiu aos palcos para fazer um tributo a Elizeth Cardoso. Esses dois desafios, na opinião da própria cantora, é um marco na sua carreira.
Assim como dona Ivone Lara, Clara Nunes, Teresa Cristina, Elza Soares, Martinália e outras grandes sambistas, Fabiana Cozza faz-nos orgulharmos de nossa música popular. A força do samba está na voz dessas mulheres, no talento que elas exalam. A beleza do samba paulista ganha contornos nítidos na voz dessa mulata, filha da miscigenação de raças e da cultura brasileira.
Quem ainda não conhece o trabalho dessa bela cantora, tem a obrigação de conhecê-lo, antes que fique ruim da cabeça ou doente do pé.

PS – Hoje o ZecaBlog comemora um ano de sobrevivência. Vamos apagar a velinha juntos, afinal, todos têm uma participação especial neste projeto. Amanhã, falo sobre isso...






2 comentários:

  1. Longa vida ao Zeca Blog, espaço do qual me sinto "meio" padrinho o que me enche de orgulho. Parabéns, Zezão!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grande Maranhão, você é padrinho e meio deste blog. Obrigado por tudo.

      Excluir