A realização do sonho de transferir a capital do Brasil para o interior do país deve muito aos pioneiros. Comecei a escrever uma série de artigos para a revista Interview Brasília sobre esses homens que foram relevantes para a consolidação desse sonho. Infelizmente, a revista não passou de uma proposta. A Editora Abril desistiu do projeto. Publico abaixo o artigo que sairia no próximo número e assumo o compromisso de continuar a escrever sobre o tema, que considero relevante não apenas para os moradores de Brasília.
Juscelino, o pioneiro sonhador
José Carlos Camapum Barroso
Juscelino Kubistchek pode não ter sido o primeiro pioneiro de Brasília, título que atribuímos a Luiz Cruls, o belga de alma candanga. Mas JK, o presidente bossa-nova, com certeza, foi o mais apaixonado de todos. Não apenas por ter sido o executor do sonho ao lado de milhares e milhares de brasileiros que se tornaram candangos, mas principalmente por tê-lo feito de forma apaixonada, altiva e grandiosa.
Juscelino foi castigado por esse amor a Brasília pelos militares de plantão do regime militar, que cassaram seu mandato, seus direitos políticos e o forçaram a um exílio que duraria quase três anos. A ditadura não queria ouvir falar de político popular, simpático e plenamente identificado com o sonho da nova capital do Brasil.
Tornou-se então o primeiro pioneiro no exílio. Logo ele que começou a visitar e a freqüentar Brasília antes mesmo da inauguração. Em outubro de 1956, JK pousou pela primeira vez na tão sonhada terra do futuro. Depois disso não parou mais. Durante a construção de Brasília, trocava as facilidades e benesses do Rio de Janeiro e de Minas pelo Catetinho do Planalto.
Falava com entusiasmo de Brasília para chefes de estado, de Dwight Eisenhower a Fidel Castro; para escritores, como Jean-Paul Sartre, Aldous Huxley e André Malraux; e para poetas e músicos do porte de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, entre outros.
"Não posso deixar de confessar que viver fora do país, sem saber quando será possível o regresso, é o castigo mais cruel imposto a um homem”, disse certa vez Juscelino. Fico a imaginar o que passava pela cabeça desse brasileiro sonhador, seresteiro, nas noites do exílio, longe de sua Diamantina, onde nasceu, e de sua Brasília, que fez nascer... Quantas angústias e saudades...
Juscelino Kubistchek e Brasília traduzem o ideário de um povo sonhador, pioneiro, capaz de enfrentar o desconhecido em busca de novos tempos. JK é o nosso pioneiro-mor, sempre a nos alertar para o quanto é importante crer em seu povo, na sua capacidade de sonhar e no valor dos princípios democráticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário