sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Candeia - a luz que ilumina o samba através dos tempos

Candeia, fazendo aquilo que mais gostava: cantar samba com os amigos
Candeia, Antonio Candeia Filho, é uma das páginas mais importantes da história da música popular brasileira, particularmente no capítulo reservado ao samba. Candeia nasceu numa família de sambistas, que comemorava aniversário de criança e Natal à base de muito partido alto, feijoada, cerveja e caipirinha. Quando chegava o Carnaval, então...
Seu pai era flautista e teria sido o criador das Comissões de Frente das escolas de samba. Passava o domingo, com os amigos, cantando, tocando e dançando debaixo das tradicionais tamarineiras de Oswaldo Cruz, subúrbio do Rio de Janeiro.
Candeia tem uma história de vida que vale a pena ser contada. Já fazia sucesso como músico e compositor quando entrou para a Polícia Militar. Muito cedo, ganhou a fama de truculento e começou a perder alguns amigos. Certa vez, bateu em uma prostituta, que lhe rogou uma praga. Na noite seguinte, ao se envolver numa briga de trânsito, levou um tiro na espinha e ficou paralítico.
Ainda era novo, tinha menos de trinta anos. Foi tomado por forte depressão e se isolou em um quarto, distante dos amigos, da música e do samba que tanto amava. Como muito custo, depois de várias tentativas, Martinho da Vila e Bibi Ferreira conseguiram trazê-lo de volta para a vida.
A partir daí cantou a vida, a difícil luta do seu povo, o mal que o afligia e a presença constante da morte. Fez canções belíssimas, como Pintura Sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno, Eterna Paz, Dia de Graça, Minha Gente do Morro e Testamento de Partideiro, entre tantas outras joias raras.
Candeia fez versos interessantes, como esses: “Sim, me disseram que o céu é harmonia e paz/ Mas se eu for pra lá, ao descansar/ Vou cantar e sambar com um anjo moreno”. Um dos mais belos discos da história do samba chama-se: Candeia – Axé (capa acima). Disco que até hoje não pode ser relançado em CD. Os direitos de gravação pertencem à multinacional Warner. O disco foi lançado em 1978, depois da morte de Candeia, no dia 16 de novembro daquele ano.
Candeia hoje, Dia Nacional do Samba, deve estar lá no céu dançando e sambando com seu anjo moreno, dizendo assim: “Quem rezar por mim que o faça sambando”.
Wilson Moreira e Ney Lopes fizeram a mais bela homenagem a Candeia, o samba "O Silêncio de Bamba", que reproduzo abaixo num vídeo do Fantástico, da Rede Globo, que, na parte inicial, mostra Candeia cantando, bem ao seu estilo. Isso, realmente, é fantástico.
Vou comemorar o Dia do Samba em paz. Já fiz a minha oração a Candeia e a todos os grandes sambistas que se foram. Saravá!



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