"Não tenho forças, não tenho energia. Gostaria que dissessem aos meus admiradores: sinto muito, mas agora preciso descansar. Lamento infinitamente ter que me ausentar devido à doença, gostaria de dar ainda mais prazer aos que me seguiram durante tanto tempo". Estas palavras foram ditas por Cesaria Évora, no dia 23 de outubro, quando se sentiu fraca e abatida pelas doenças que a perseguiam há três anos.
Neste sábado, essa genial cantora cabo-verdiana não resistiu e nos deixou “cheios de saudade e de paixão”. Cesaria Évora tinha uma voz marcante e expressiva. No Brasil, tornou-se mais conhecida depois de realizar shows e gravar com Marisa Monte e Maria Bethânia. Em agosto, completou 70 anos, cercada de pedidos dos fãs para que se recuperasse plenamente.
“A diva dos pés descalços”, como era chamada pelos meios de comunicação, nasceu e cresceu na ilha cabo-verdiana de S. Vicente, numa ambiente musical. Seu pai, Justiniano da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino, e seu irmão, Lela, saxofone. Vários compositores eram amigos da família.
Cesaria, no ambiente familiar e entre os amigos, era conhecida com Cize. Seu sucesso ajudou a divulgar Cabo Verde, o pequeno país – Petit Pays, como diz a canção de seu conterrâneo Vando Cruz, que reproduzo abaixo. Depois da independência do país africano, em 1975, os artistas, cantores e compositores cabo-verdianos passaram a ocupar mais espaço no cenário internacional. Mas, Cize enfrenta problemas com o alcoolismo e passa a realizar outros trabalhos.
Em 1985, a convite do compositor Bana Leza, um grande amigo da família, muda-se para Lisboa, onde passa a cantar em um restaurante e grava um disco, que passou despercebido pela crítica. Depois, foi morar em Paris, onde lança, em 1988, aos 44 anos de idade, o seu primeiro grande sucesso: o álbum “La diva aux pied nus”, que representa um marco na sua carreira.
Com a morte de Cesaria Évora todo o mundo musical ficou mais pobre, e não apenas as ilhas de Cabo Verde. Ao saber da notícia da morte de Cize, o músico Tito Paris disse que essa estrela não se apagará nunca, continuará a brilhar através da sua música. E acrescentou: “Um artista, um poeta, nunca morre”.
Cesaria era uma pessoa doce, brincalhona e que se dedicou plenamente a divulgar a cultura de seu país. Adorava cantar e tinha uma voz belíssima. Uma pessoa assim não morre nunca, mesmo. Estará sempre presente entre nós com seu repertório, sempre muito bem escolhido, e com interpretações que beiravam a perfeição.
A notícia de sua morte nos encheu de tristeza. Mas sua voz continuará a nos encher de alegria.
Era uma das cantoras preferidas de Margot, ao lado de Edith Piaf, Elis REgina e Libertad Lamarque. Sua voz � de uma do�ura s� compar�vel � de Ella Fitzgerald. Ao mesmo tempo forte e suave. Grande Cize, deixa muitas saudades..nossos beijos em sua face inerte, que em nossos ouvidos ficar� sua voz de ternura...abs..
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