Como hoje não é o último dia do ano, ou seja, ainda não estamos naquele espírito exageradamente otimista da virada, ainda dá pra refletir um pouco sobre a crise econômica que se abateu, este ano, principalmente sobre os países da Europa. Da Grécia a Portugal, passando por Espanha e Itália, a maioria dos países que aderiram ao Euro enfrenta algum tipo de dificuldade financeira.
A preocupação maior é com a falta de uma grande solução para o problema, a exemplo do que representou o New Deal, de Franklin Delano Roosevelt e John Maynard Keynes, com a quebradeira geral de 1929. Há três anos, quando explodiu a crise de 2008, as soluções encontradas foram muito parecidas com as de agora: estados correram para salvar os credores, os donos do capital financeiro, que garante a dinâmica do sistema.
Que falta fez um Delano Roosevelt em 2011 |
Infelizmente, a perspectiva para o Ano Novo é de continuidade da crise. Ela permanecerá como um fantasma a ameaçar as economias européias, dos Estados Unidos e também dos países em desenvolvimento. A ação do Estado, destemperada e desequilibrada, vai repercutir negativamente também nas artes, nas atividades culturais, no desenvolvimento da educação, na elevação do senso crítico e do bom gosto.
Pelas veias das redes sociais correm freneticamente discursos retrógrados, preconceituosos e enaltecedores do mau gosto e do valor meramente comercial das artes. O ano de 2012 será decisivo para que economias adquiram capacidade de superação da crise. Mas, também, será fundamental para que acompanhemos com olhos críticos o que os Estados vão fazer ou deixarão de fazer no âmbito da educação e da cultura.
Pra ajudar nesse momento de reflexão e atenção para com o dia de amanhã, nada melhor do que ouvir a bela canção de Tom Zé, Menina, Amanhã de Manhã, aqui interpretada com muita propriedade por Mônica Salmaso.
E vamos continuar sonhando, mas de olhos bem abertos, porque, quando sonhamos de olhos fechados, aqueles que não têm compromissos com o futuro agem às escampas.
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