quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Os "Mané" da burocracia tentam driblar Mané Garrincha

Maquete do futuro Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
Manuel Francisco dos Santos é uma das poucas unanimidades do Brasil. Ah, sim, já estava me esquecendo de um pequeno detalhe: estou falando de Mané Garrincha, ou simplesmente Garrincha, o ponta direita do Botafogo e da Seleção Brasileira, um dos maiores jogadores da história do futebol mundial. Pois é, mas há gente querendo desafiar essa unanimidade...
Em Brasília, a burocracia do Governo do Distrito Federal está convencida de que o novo estádio da cidade, em fase de preparação para receber a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014, deverá mesmo receber o nome oficial de Estádio Nacional de Brasília, em substituição a Estádio Mané Garrincha.
Ora, chamar essa pretensão de burrice é elogio! Só nas entranhas da burocracia do poder público poderia ter surgido tamanho disparate! Até porque o povão, os torcedores que vão aos jogos e gostam de futebol, continuarão chamando o estádio de Mané Garrincha.
Há quem diga que partiu da FIFA a exigência para que o nome oficial fosse Estádio Nacional de Brasília. Outros já enxergam nesse fato o caminho para privatizar a administração do estádio. A empresa que for escolhida poderá acrescentar ao nome oficial o apelido que julgar mais conveniente. Pode adotar, por exemplo, “Estádio Nacional de Brasília Paulo Maluf”, ou alguma coisa ainda pior – se for possível tanta imaginação...
Algumas manifestações já foram feitas contra essa baboseira. Mas, a sociedade civil, as torcidas dos times de futebol (todas!), a imprensa, enfim, aqueles que verdadeiramente amam o futebol de arte, o futebol bonito, de qualidade, têm que se preparar para enfrentar esse disparate no ano que vem.
Tenho percebido certa resistência dos burocratas que cercam o governador em ouvir as vozes que vêm das ruas. A manifestação feita este ano, em favor da manutenção do nome Mané Garrincha, não abalou as convicções arrogantes e prepotentes dessa turma. Os protestos terão que crescer em 2012.
Garrincha, com seus dribles geniais, sua extraordinária criatividade, apelidava de “João” os adversários que se tornavam suas vítimas, principalmente os laterais esquerdos. Dezenas de jogadores receberam esse carimbo, enquanto Garrincha esteve em plena atividade. Muitos deles aceitavam humildemente essa pecha e até faziam brincadeiras com o apelido.
Mané é uma redução de Manuel, de uso corrente e popular. No sentido figurado, significa aquele sujeito otário, metido a sabido, que na realidade não passa de um “Mané”. Garrincha era Mané por causa da primeira versão. Mas os burocratas de Brasília não passam de verdadeiros “Mané” no segundo significado.
Como não entendem nada de futebol, acreditam que vão enganar o povo, driblar justamente aquele que foi o rei do drible – e que só não teve habilidade para superar os percalços da vida. Morreu novo, com apenas 50 anos de idade. Mas, sua memória continua viva e sua chama acesa no imaginário popular.
Nessa história, Mané Garrincha não será uma estrela solitária. Milhões de brasileiros estarão com ele. Os “Mané” ficarão isolados e vão virar “João” tão logo a bola comece a rolar. Se depender dos torcedores, Garrincha vai ganhar essa de goleada.

Um comentário:

  1. Bom dia, Zé Carlos! Muito oportuno esse teu último post. É uma verdadeira afronta à história do futebol e da cultura brasileira o que se passa com a reconstrução desse estádio. Essa Copa do Mundo já virou caso de polícia. A gente sabe muito bem a origem destes movimentos fascistas que pretendem apagar a história. Mais lamentável ainda é saber que tudo se passa num duplo governo do PT.
    Vou divulgar o teu post. Parabéns e um grande abraço, Marlon

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