quinta-feira, 29 de março de 2012

Didi e a falta que nos faz um jogador talentoso e elegante

Didi foi o clássico meia-armador, dono da camisa 8 e de muita elegância
A cultura do futebol brasileiro nos ensina que alguns jogadores refletem e são refletidos pela antológica camisa 10 da Seleção Brasileira e dos seus respectivos clubes. Pelé é o maior exemplo deles no âmbito nacional e internacional. Zico, Rivelino e Rivaldo, entre outros, entram nesse time de craques “camisa 10”.
Mas, a camisa 8, tradicionalmente associada ao meia-direita, ao meia-armador, ao cara responsável na seleção, ou no clube, pela criação das jogadas, também tem vida própria na nossa rica e gloriosa história do futebol brasileiro. O primeiro nome que nos vem à cabeça é o de Didi, o “gênio da folha seca”, e, depois, o de Gérson, o “canhotinha de ouro”, ambos consagrados no Botafogo.
Didi era um negro esguio, elegante, calmo, criativo e inteligente. O gesto dele na final da Copa do Mundo de 58, na Suécia, quando o Brasil levou o primeiro gol e tudo fazia crer que um novo “Maracanaço” se abateria sobre o esquadrão de ouro, entrou para a história das nossas conquistas. Não por acaso, foi considerado o jogador número um da primeira copa conquistada pelo Brasil.
Pelé chora no ombro de Didi, na Copa do Mundo de 58
Didi, calmamente, foi ao fundo das redes, apanhou a bola, colocou-a debaixo do braço e foi caminhando de cabeça erguida para o centro do campo. Disse para os companheiros, inclusive para o garoto Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, então com 17 anos recém-completados:
- Acabou a sopa deles. Agora é nossa vez. Vamos encher a caçapa desses gringos de gols!
Não deu outra: o Brasil venceu os donos da casa por 5 a 2, sagrando-se campeão pela primeira vez. Ali, como viria a dizer muito oportunamente Luis Nassif, “começaria a nascer o Brasil”. Um país moderno, rico culturalmente e o maior expoente do bom futebol mundial. O jornalista cunhou essa frase numa bela entrevista em que apresentou uma música composta por ele para registrar esse momento histórico do futebol. No vídeo abaixo, mais um exemplo da inteligência brasileira, da nossa sensibilidade e da junção tão interessante entre futebol e música, mais particularmente o samba.
Depois de Didi, sem dúvida, veio Gérson. Depois do canhotinha, poderia ter se firmado como um clássico meia-armador, Geraldo, o meia do Flamengo que morreu muito novo, de choque anafilático, em uma cirurgia de garganta. Geraldo encarnava esse espírito da elegância, categoria, perfeito domínio de bola e caminhava com a bola nos pés como se ali estivesse um bailarino jogando futebol.
O nosso universo de histórias do futebol é muito rico. Luis Nassif foi muito feliz ao resgatar esse momento à altura do gesto empreendido por Didi. Este vídeo, de apenas quatro minutos e meio, ajuda a nos prepararmos para a sexta-feira, que, felizmente, chega daqui a pouco. Para arrematar, Chico Buarque, com muita categoria e talento, canta a sua clássica definição de "O Futebol".






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