Três momentos são marcantes na tragédia japonesa de março de 2011, que neste domingo completa um ano e deixou um saldo assustador de quase 20 mil pessoas mortas ou desaparecidas. O primeiro foi o do terremoto de 9 graus na escala Richter, seguido de um Tsunami que assustou o mundo; depois, a tragédia nuclear com o vazamento de três dos seis reatores da usina de Fukushima; e, por último, a capacidade do povo japonês de enfrentar tragédias, superar dificuldades e reconstruir o que foi destruído.
Outro fato inusitado veio se somar a tantos já amplamente noticiados sobre a tragédia japonesa. Uma moradora contou que na remoção dos escombros de uma das vilas da região devastada pelas ondas gigantes, uma pedra secular foi encontrada com uma inscrição que dizia, com outras palavras, o seguinte: não construa casas a partir deste ponto – risco de Tsunami.
Mais pedras com inscrições semelhantes existem no Nordeste japonês, região mais afetada pela tragédia do ano passado. Uma delas (foto ao lado), localizada na vila de Aneyoshi, foi respeitada pelos moradores e as ondas chegaram a uma distância de 19 metros das casas, que foram preservadas.
O povo japonês tem uma cultura milenar, mas o progresso desregrado e a evolução tecnológica apagaram os ensinamentos da memória das pessoas, principalmente dos governantes. Algumas dessas pedras têm mais de seis séculos, outras foram feitas depois dos Tsunamis dos séculos XIX e XX e trazem instruções sobre como proceder antes, durante e depois dos fenômenos da natureza.
Os japoneses são solidários entre eles e também para com outros povos, em momento de grandes dificuldades. Nesta sexta-feira, ao lembrar o desastre enfrentado pelo povo japonês, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o Japão é um dos maiores colaboradores de todo o mundo em momento de tragédias.
Esta semana, o Japão comprometeu-se a doar 26,5 milhões de dólares para os refugiados do Afeganistão e da África. Em todos os lugares do mundo, onde ocorrem terremotos, equipes japonesas, especialmente treinadas, são enviadas para ajudar no resgate de vítimas.
Esta semana, o Japão comprometeu-se a doar 26,5 milhões de dólares para os refugiados do Afeganistão e da África. Em todos os lugares do mundo, onde ocorrem terremotos, equipes japonesas, especialmente treinadas, são enviadas para ajudar no resgate de vítimas.
O Brasil tem colônias de imigrantes japoneses em várias cidades, sendo a de São Paulo a maior colônia fora do Japão em todo o mundo. Neste final de semana, o bairro da Liberdade realiza vários eventos em solidariedade aos irmãos japoneses, que sofreram e ainda sofrem com a tragédia do dia 11 de março de 2011.
Este blog tem aberto espaço para a cultura e a luta do povo japonês com as suas tragédias de dimensões espantosas. Mostramos a beleza das cerejeiras japonesas (para ler, clique aqui), o debate sobre a questão da energia nuclear (veja o post), o sofrimento das famílias depois dos acontecimentos do ano passado e a luta pela reconstrução das áreas destruídas (veja aqui).
Para homenagear o povo japonês, nada melhor do que ouvir a bela voz do ator e cantor Kyu Sakamoto, vítima de um desastre aéreo perto de Tóquio, em 1985, que deixou 520 mortos. Kyu viveu apenas 44 anos, mas deixou seu nome na história cultural do Japão, muito rica e tradicional. Neste vídeo, ele canta a tradicional Sukiyaki.
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