Manhã difícil esta do
dia 28 de março. Depois da notícia da morte de Adelmide Fonseca, veio a
informação do falecimento do jornalista, escritor, humorista, dramaturgo,
desenhista e tradutor Millôr Fernandes, ontem, às 21h00, em sua residência, no
Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos. O corpo será velado
amanhã, a partir das 10h00, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, e depois
será cremado no Crematório da Santa Casa.
Millôr Fernandes era um
gênio e contribuiu muito para “fazer a cabeça” de várias gerações,
principalmente a da nossa, que éramos adolescentes nos difíceis anos da
ditadura militar e no lançamento do Pasquim, em 1969. No próximo dia 27 de maio, faria 88 anos de
idade. Sua saúde estava abalada há alguns anos, chegando a ser internado por duas
vezes no ano passado.
Seu nome de nascimento
era Milton Viola Fernandes, mas descobriu, aos 17 anos, no cartório, que por um
problema de caligrafia fora registrado como Millôr – o corte da letra “t” mais
parecia um acento circunflexo. Adotou o nome e ficou conhecido e famoso como
Millôr Fernandes. Também existem dúvidas sobre a verdadeira data de seu
nascimento. Embora conste em sua carteira o dia 27 de maio de 1924, familiares dizem
que nasceu em 16 de agosto de 1923.
No jornalismo, Millôr
começou em 1938, na revista Cruzeiro,
como contínuo e repaginador. Depois, no início da década de 40, voltaria para
contribuir com o sucesso da revista, que chegou a publicar 750 mil exemplares
por edição. É dessa época a sua famosa coluna Pif-Paf, que incluía desenhos do
autor.
Depois de passar pelo
jornal português Diário da Manhã e
pela revista Veja, participaria da
fundação do jornal O Pasquim, ao lado
dos cartunistas Jaguar e Ziraldo e dos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio
Cabral. Com um jornalismo crítico e um humor inteligente, o semanário fez
sucesso e se consagrou como ferramenta importante na luta pela redemocratização
do país.
No teatro, como dramaturgo, Millôr colecionou prêmios e deixou obras antológicas como “Um elefante no caos”, “É...”, “Liberdade, liberdade” (em parceria com Flávio Rangel) e “O homem do princípio ao fim”, entre outras. Como tradutor, deu-nos “Rei Lear”, a moderna “As lágrimas amargas de Petra Von Kant” e o musical “Chorus Line”, entre tantas outras maravilhas.
No teatro, como dramaturgo, Millôr colecionou prêmios e deixou obras antológicas como “Um elefante no caos”, “É...”, “Liberdade, liberdade” (em parceria com Flávio Rangel) e “O homem do princípio ao fim”, entre outras. Como tradutor, deu-nos “Rei Lear”, a moderna “As lágrimas amargas de Petra Von Kant” e o musical “Chorus Line”, entre tantas outras maravilhas.
Millôr vai fazer uma
falta impossível de ser calculada. Em compensação, sua obra, inspirada num
humor fino, inteligente, carregada de humanismo e de uma visão cética do
mundo, vai continuar para sempre incomodando os medíocres, os tiranos e
tirando do comodismo todos, até mesmo os que têm capacidade mínima de raciocínio.
Millôr é parte essencial
da nossa história cultural. Foi junto com Ademilde Fonseca, muito próximo de
Chico Anysio e vai se juntar a toda turma de bambas que andam lá pelas alturas.
O Brasil fica mais pobre e mais triste; porém, o Paraíso, esse sim, com certeza, sai
fortalecido.
Abaixo, uma pequena amostra de frases geniais de Millôr e um vídeo com um de seus belos poemas.
Algumas frases de
Millôr Fernandes:
“Numa vida média de 50 anos, 80 a 100 dias são empregados pelos homens
só no ato de fazer a barba. Ignora-se o que as mulheres fazem com esse tempo.”
“O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde.”
“O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris.”
“O pior casamento é o que dá certo.”
“O poder é o camaleão ao contrário: todos tomam a sua cor.”
“Ontem hoje / E amanhã / O homem o cabelo parte / Parte o cabelo com
arte / Até que o cabelo parte.”
“Quando um chato diz: ‘Eu vou embora’, que presença de espírito.”
“Quem mata o tempo não é assassino mas sim um suicida.”
“Roube ainda hoje! Amanhã pode ser ilegal.”
"Esnobar
é... exigir café fervendo e deixar esfriar."
"Nos dias quotidianos é que
se passam os anos."
"Viva o Brasil, onde o ano
inteiro é primeiro de abril."
"As nuvens, meu irmão, são
leviandades da criação."
Meu Deus...tanta gente interessante partindo,acho que é sempre ruim a morte, mas algumas dói mais. E dói tanto que a gente fica relembrando, pensando . Taí o Zecablog para amenizar essas perdas com as boas lembranças . Millôr, divirta todos lá no céu !
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